Diferentes populações de faia-europeia, separadas por grandes distâncias, mantêm padrões de produção de sementes semelhantes e simultâneos. Um estudo científico recente, centrado nesta espécie, sugere que é o solstício de verão que as “acorda” e sincroniza para a reprodução.
Numa boa parte das espécies florestais e agroflorestais, como nas faias, carvalhos, pinheiros, abetos ou nogueiras, a quantidade de produção de sementes não é constante todos os anos. Existem anos de muita produção, chamados “anos de safra”, que alternam com outros de baixa produção, conhecidos como “anos de contrassafra”.
Curiosamente, os seus anos de safra ocorrem de forma sincronizada, simultaneamente entre diferentes populações da mesma espécie, ao longo de vastas distâncias, sem que se conheça exatamente a razão por detrás deste fenómeno. A faia-europeia (Fagus sylvatica) é uma das espécies em que esta sincronia é mais expressiva, com a produção de sementes simultânea de norte a sul da Europa, apesar das árvores viverem sob realidades climáticas tão distintas como as que separam o sul de França da Suécia.
Sabia-se já que a sincronização regional estava dependente de sinais ambientais simultâneos e que a alocação anual de recursos para a produção de sementes responde a fatores ambientais como a temperatura. Contudo, as temperaturas tão distintas nos vários países e latitudes europeias não explicam, por si só, esta sincronia entre populações de árvores em regiões distantes.
A razão por detrás desta sincronia foi recentemente elucidada graças a um estudo científico liderado pela Universidade de Liverpool e publicado na revista Nature Plants. Os investigadores dedicaram-se a estudar os fatores (e correlações) que poderiam contribuir para este “comportamento”, tomando como referência a faia-europeia, cuja presença na Europa se estende por uma faixa geográfica de dois mil quilómetros.