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19.05.2021

Quatro datas que assinalam a importância da biodiversidade

Quatro datas que assinalam a importância da biodiversidade

De 20 a 24 de maio, há quatro efemérides que nos recordam a importância da biodiversidade, um conceito essencial à vida no planeta. Do Dia Mundial da Abelha ao Dia Internacional da Biodiversidade, passando pelo Dia Europeu da Rede Natura 2000 e Dia Europeu dos Parques Naturais, registe quatro datas para assinalar os desafios que apelam ao envolvimento de todos.

Celebram-se em dias diferentes, mas têm muito em comum porque todas recordam a importância da biodiversidade. Falamos de quatro datas que, neste mês de maio, alertam para os desafios de inverter a perda da diversidade biológica que coloca em risco o equilíbrio dos ecossistemas, realidade identificada como uma das cinco principais ameaças que a humanidade enfrenta na presente década.

Quem assim a classifica é o próprio World Economic Forum que, no seu relatório de 2000, sublinha que os fundamentos das sociedades e das economias estão dependentes da biodiversidade. Dela depende mais de metade de todo o valor que se produz anualmente no mundo (PIB mundial) que, de algum modo, está indexado à natureza e aos seus serviços, reconhece o documento.

 

20 de maio, Dia Mundial da Abelha

 

A data de 20 de maio foi escolhida para assinalar o Dia Mundial da Abelha por coincidir com o nascimento de Anton Janša, esloveno nascido no século XVIII e pioneiro na criação e uso de técnicas modernas de apicultura. Em 2021, nesta data, importa refletir sobre o que significam as abelhas para o equilíbrio dos ecossistemas e da biodiversidade. A informação partilhada nas mensagens-chave de um dos mais importantes relatórios globais sobre polinizadores (IPBES, 2016) ajuda a esta reflexão:

• 87,5% das plantas com flor – cerca de 308 mil espécies – dependem, pelo menos em parte, da polinização feita pelos animais – entre os quais as abelhas. Estas plantas são críticas para o equilíbrio dos ecossistemas, pois são fonte de alimento, habitat e outros recursos essenciais para um vasto leque de espécies, incluindo a humana.

• As espécies selvagens de abelhas têm sofrido declínio em vários locais do mundo. Globalmente, nas últimas cinco décadas, esta queda foi parcialmente compensada pelo aumento das abelhas melíferas em apiários. Mas mesmo estas polinizadoras geridas pelos apicultores registaram reduções em vários países da Europa e da América do Norte e há registo de perdas sazonais relevantes em diversas regiões temperadas do hemisfério norte e no sul de África.

• Na Europa, 9% das espécies de abelhas e borboletas estão ameaçadas e as suas populações estão a decrescer (37% nas abelhas e 31% nas borboletas). Segundo a mesma fonte, nos locais onde a Lista Vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza tem registo de dados, os números apontam para uma percentagem superior a 40% no caso das abelhas.

• Estes pequenos animais são críticos para as culturas agrícolas que alimentam a população mundial em crescimento, assim como para o emprego e rendimento direto e indireto de milhões de pessoas. Os efeitos das alterações climáticas trazem pressões acrescidas a estes animais e ao equilíbrio dos ecossistemas.

• Os contributos da sociedade para travar e inverter este processo podem desenvolver-se a vários níveis, desde a criação de áreas arborizadas em campos de cultivo, à preservação de habitats seminaturais nestas zonas agrícolas, passando pela redução do uso de inseticidas e pesticidas.

A instalação de apiários em áreas florestais e a plantação de espécies de flores e de árvores que alimentam as abelhas ou a manutenção de áreas com vegetação espontânea em parques e jardins urbanos – uma iniciativa que alguns municípios já estão a adotar – podem dar o seu contributo.

 

21 de maio, Dia Europeu Natura 2000

 

No dia seguinte, 21 de maio, comemora-se o Dia Europeu da Rede Natura 2000, a rede ecológica de âmbito europeu que tem como finalidade a conservação a longo prazo das espécies e dos habitats mais ameaçados da Europa, contribuindo para travar a perda de biodiversidade.

A rede Natura 2000 englobava, em 2016, mais de 27 mil sítios numa superfície total de cerca de 1 150 000 km², em zonas terrestres e marinhas de todos os Estados-Membros da União Europeia.

Lembre-se que, atualmente, 26% da superfície terrestre da EU-27 tem estatuto de proteção, dos quais 18% na rede Natura 2000 e 8% ao abrigo de regimes nacionais. Em Portugal, a Rede Natura 2000 é composta por 107 áreas designadas no âmbito da Diretiva Habitats e por 62 Zonas de Proteção Especial indicadas no âmbito da Diretiva Aves, abrangendo cerca de 22% da área total terrestre (2583 mil hectares).

No entanto, mesmo com a rede de áreas legalmente protegidas a aumentar, a perda de biodiversidade avança a uma taxa elevada – o Índice Living Planet indica que, entre 1970 e 2016, a abundância média das populações globais das espécies monitorizadas diminuiu perto de 70% -, pelo que importa atuar também fora destas áreas.

 

22 de maio, Dia Internacional da Biodiversidade

 

A importância da biodiversidade determinou que as Nações Unidas lhe dedicassem um Dia Internacional a 22 de maio. Esta é uma data com grande simbolismo, pois foi neste dia, em 1992, que se adotou o texto final da Convenção da Diversidade Biológica, o primeiro instrumento legal que assegurava a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. Mais de 150 países assinaram o acordo, que entrou em vigor em dezembro de 1993, entre os quais Portugal.

Para inverter o cenário de perda da diversidade biológica, a nova Estratégia para a Biodiversidade para 2030 da União Europeia traça o rumo para reduzir a tendência de perda da biodiversidade e a degradação da qualidade dos recursos naturais, propondo o seu restauro em vez (apenas) da sua proteção.

A visão da biodiversidade como elemento base da sustentabilidade ecológica e peça central ao equilíbrio dos serviços vitais prestados pelos ecossistemas – essencial à qualidade do ar, do solo e da água, por exemplo – levou a uma ligação direta entre a estratégia climática e a estratégia da biodiversidade, com foco em soluções baseadas na natureza.

Em 2021, o tema desta efeméride tem como objetivo consciencializar para o papel de cada um de nós na conservação da biodiversidade, sob o lema “Somos parte da solução”. O slogan foi escolhido para dar continuidade ao ímpeto gerado no ano passado sob o tema “As nossas soluções estão na natureza”, que serviu para lembrar que a biodiversidade é essencial à vida humana, e que o planeta e a economia dependem da sua preservação.

 

24 de maio, Dia Europeu dos Parques Naturais

 

O mês de maio não fica completo sem a comemoração do Dia Europeu dos Parques Naturais, que, desde 1999, se assinala a 24 de maio. Instituído pela Federação EUROPARC, com o intuito de homenagear a criação dos primeiros parques naturais na Europa – mais precisamente na Suécia, em 1909 -, este dia pretende sensibilizar para a necessidade de proteger estes espaços de biodiversidade. A sua importância ficou ainda mais visível depois da pandemia de Covid-19, que veio alertar para a necessidade de a Europa dispor de mais espaços verdes.

Este ano, o tema da iniciativa é “Parques naturais – a próxima geração” e convida a uma reflexão acerca do que os parques oferecem, de forma a adaptar modos de comunicação e infraestruturas para os novos visitantes.

Em Portugal não é difícil celebrar a importância da biodiversidade num dos 13 Parques Naturais que existem de norte a sul: Montesinho; Douro Internacional; Litoral Norte; Alvão; Serra da Estrela; Tejo Internacional; Serras de Aire e Candeeiros; São Mamede; Sintra-Cascais; Arrábida; Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina; Vale do Guadiana e Ria Formosa. Ainda assim, no total estes Parques totalizam cerca de 616 mil hectares de superfície, ocupando cerca de 7% do território nacional.