Gestão Florestal
Diferentes entidades têm atribuído diferentes designações – classes e nomenclaturas – para referir diferentes tipos de florestas plantadas.
Tipos de florestas plantadas segundo a FAO:
Atualmente, a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura – considera que as florestas plantadas podem resultar de ações de florestação por plantação ou sementeira, que podem ser constituídas por espécies nativas ou introduzidas e que podem ser geridas de acordo com objetivos de produção ou proteção.
No seu Global Forest Resorces Assessment 2020 – FRA 2020, refere que:
– As florestas plantadas são compostas predominantemente (mais de 50% da área) por árvores plantadas e/ou semeadas deliberadamente.
– Se distinguem dois tipos de florestas plantadas. Por um lado, as plantações florestais, que são florestas plantadas alvo de gestão ativa e que cumprem os seguintes critérios na plantação e durante a idade adulta: sejam constituídas por uma ou duas espécies, de igual classe de idade e espaçamento regular entre árvores. Nesta divisão incluem-se plantações de curta-rotação para fornecimento de madeira, fibra e energia. Por outro lado, as áreas plantadas ou semeadas para proteção ou recuperação de ecossistemas são consideradas “outras florestas plantadas”, incluindo-se nelas também as florestas que, tendo sido plantadas ou semeadas, se assemelhem na idade adulta a florestas naturais.
Recorde-se que a FAO define atualmente floresta como uma área com mais de 5000 m² com árvores de altura superior a cinco metros e que cubram pelo menos 10% desta área ou que tenham árvores com capacidade para atingir estas dimensões – o que inclui zonas com árvores ainda jovens.
Tipos de florestas plantadas segundo o Forest Europe:
O Forest Europe (nome dado à Conferência Ministerial para a Proteção das Florestas na Europa), no seu relatório State of Europe’s Forests 2015, usou a expressão plantações florestais para designar áreas estabelecidas artificialmente por plantação ou sementeira, normalmente de espécies introduzidas e que são geridas de forma ativa e intensa. As restantes áreas plantadas que não são alvo desta gestão são consideradas áreas seminaturais.
Nesta definição, a existência de gestão ativa, principalmente para o fornecimento de madeira, é um importante fator de diferenciação.
Tipos de florestas plantadas segundo o EFI – European Forest Institute:
Já o EFI – European Forest Institute, por ter em consideração que existem áreas florestais geridas intensivamente, mas que têm objetivos multifuncionais, estabeleceu definições de florestas plantadas e plantações florestais derivadas das que decorrem da FAO, mas alterou-as para se adaptarem à realidade europeia.
Assim, o EFI define plantações florestais como florestas estabelecidas deliberadamente por plantação e/ou sementeira, que são geridas ativamente para fornecerem serviços de aprovisionamento (alimento, madeira, fibra, energia), serviços de regulação de clima ou ambos. Esta definição inclui áreas plantadas com mais de duas espécies e de estrutura irregular, desde que exista uma gestão ativa, ou seja, desde que existam preparação do solo, fertilizações, limpezas e desbastes e corte final.
Em conclusão, embora existam diferenças nas classes e nomenclaturas, são consideradas florestas plantadas as áreas estabelecidas por plantação e/ou sementeira, que se dividem em plantações florestais geridas ativamente com propósitos e funções bem estabelecidas – de produção ou de proteção – e outras áreas plantadas com gestão não intensiva, que se assemelham a florestas naturais.
Florestas naturais | Florestas plantadas | ||||
---|---|---|---|---|---|
Primárias | Regeneração Natural | Semi-Naturais | Plantações | ||
Florestas de espécies nativas, onde não existem claras indicações visíveis de atividade humana e onde os processos ecológicos não estão significativamente perturbados. | Florestas de espécies nativas naturalmente regeneradas onde não existem claras indicações visíveis de atividade humana. | Regeneração natural assistida através de práticas silvícolas | Componente plantada | Produção | Proteção |
Controlo de vegetação espontânea; Fertilização; Desbastes; Cortes seletivos. | Florestas de espécies nativas estabelecidas por plantação, sementeira e/ou talhadia. | Florestas de espécies introduzidas ou nativas, estabelecidas por plantação e/ou sementeira, principalmente para a produção de bens lenhosos e não lenhosos. | Florestas de espécies introduzidas ou nativas, estabelecidas por plantação e/ou sementeira, principalmente para o fornecimento de serviços. |
Fonte: Plantações Florestais
Refira-se que a distinção entre florestas plantadas para proteção e as plantações florestais para produção é importante na Europa, onde a maior parte da floresta natural foi destruída, restando muito pouco da floresta nativa original, e onde grande parte da floresta existente foi deliberadamente plantada ou semeada. Acresce que em Portugal vários tipos de florestas plantadas ou semeadas ao longo de 1800 e 1900 com objetivos de produção de madeira e proteção do solo encontram-se hoje sob gestão pouco intensa e a fornecer serviços de ecossistema variados – desde a mitigação de efeitos das alterações climáticas à conservação de biodiversidade.
É curioso perceber que a própria origem da palavra floresta, de acordo com a sua proveniência do latim ou do frâncico, já remetia para diferentes tipos de floresta: no latim forestis remetia para reserva de matas e caça (ou forestem silvam para matas externas); no frâncico forhist, coletivo de forha, designava plantação de pinheiros.
Gestão Florestal
À medida que aumentam a população mundial, as preocupações com a descarbonização e a urgência de mitigação dos efeitos das alterações climáticas, evidencia-se o papel das florestas plantadas: não só na preservação das florestas nativas, como também na resposta à necessidade crescente de bens e serviços do ecossistema, inclusive das matérias-primas renováveis e de origem não fóssil que viabilizam o desenvolvimento da bioeconomia.
Curiosidades
Considerado o “pulmão verde” de Lisboa, Monsanto é um dos grandes parques florestais que associamos à beleza e resiliência da floresta portuguesa – um reduto que resistiu ao crescimento da cidade – e muitos pensarão que sempre esteve ali, mas na verdade esta mancha verde tem pouco mais de 50 anos.