Biodiversidade
Um ecossistema representa um complexo dinâmico de comunidades de vegetais, animais e microrganismos e o seu meio ambiente não-vivo, interagindo como uma unidade funcional, de acordo com o artigo 2 da Convenção sobre a Diversidade Biológica – CBD.
O conceito de ecossistema foi introduzido pelo botânico inglês Sir Arthur George Tansley, nos anos 20 do século XX, que já então apresentava o clima, o solo, as plantas e os animais como parte de um sistema, no qual cada elemento estabelecia relações funcionais com os outros. Foi assim que se reforçou a consciência de que nenhuma espécie existe sozinha, sendo interdependente, não só de outras espécies, mas também do meio onde se encontra.
Duas características importantes dos ecossistemas é serem dinâmicos e abertos. Por um lado, as interações permanentes alteram as suas características, tanto no espaço, como no tempo. Por outro, as perturbações externas – como alterações de temperatura ou de disponibilidade de água, entrada ou saída de indivíduos ou espécies – alteram também o equilíbrio que se estabelece a cada momento.
No seu todo, o ecossistema pode aguentar algumas alterações e perturbações. Elas são parte integrante do sistema, o qual tende a reencontrar um novo ponto de equilíbrio. Contudo, alterações e perturbações mais intensas podem levar a uma perda de equilíbrio que compromete a estrutura das interações e a funcionalidade do ecossistema. Pressões ambientais extremas ou introdução de espécies invasoras podem levar a este tipo de desequilíbrio. No limite, poderão causar o colapso do ecossistema.
Para uma melhor compreensão do conceito de ecossistema podemos comparar os ecossistemas a pirâmides, em que cada elemento constitui uma das componentes da estrutura e depende dos outros e das interações que estabelecem para se manter. A estrutura e coesão destas pirâmides dependem da interação (que escapa normalmente à nossa observação) entre todas as espécies que a constituem e a sua envolvente física, sendo que os componentes vivos e físicos estão continuamente interligados por ciclos de nutrientes e fluxos de energia. Apesar de haver alterações e ajustes contínuos, as pirâmides podem manter-se de pé se não lhes faltarem os elementos e as ligações estruturais. No entanto, se estes falham, a pirâmide pode desmoronar-se.
Refira-se que o conceito de ecossistema pode aplicar-se a diferentes escalas, desde um velho tronco de uma árvore (com os seus cogumelos, formigas e microrganismos), a um lago ou uma floresta. O planeta Terra, tecnicamente, pode ser visto como um imenso ecossistema. Habitualmente, em função da dimensão, classificam-se três escalas:
– micro – como o referido tronco ou, por exemplo, o sistema ecológico que se mantém sob uma rocha;
– mesa ou médio – como uma zona florestal ou um lago;
– e bioma – que designa os grandes ecossistemas ou os conjuntos de ecossistemas com elementos físicos e químicos similares, como uma floresta tropical inteira, com milhões de organismos sob condições semelhantes.
Não há fronteiras rígidas que delimitem os ecossistemas. São as barreiras naturais que criam separações geográficas, como as proporcionadas por montanhas, rios ou desertos. Assim, também os diferentes ecossistemas estão interligados e fazem parte de sistemas mais vastos.
Gestão Sustentável
Cada área de floresta tem características únicas e as decisões de gestão, naturalmente diversificadas, impactam todo o ecossistema. Conciliar objetivos de gestão e recursos disponíveis à escala da paisagem exige conhecimento, sintonia com as ferramentas de gestão do território e uma estratégia colaborativa entre os agentes. Se é certo que não existem receitas padrão, as ferramentas de gestão florestal apoiam uma tomada de decisão mais informada e sustentável. Conheça mais sobre este processo num texto em colaboração com Miguel Almeida.
Curiosidades
No subsolo da floresta, esconde-se uma intrincada rede de comunicações que alguns já compararam à internet das árvores. É uma complexa teia de raízes de plantas e fungos que, embora invisível aos nossos olhos, é essencial à vida e ao armazenamento de carbono.
Gestão Florestal
À medida que aumentam a população mundial, as preocupações com a descarbonização e a urgência de mitigação dos efeitos das alterações climáticas, evidencia-se o papel das florestas plantadas: não só na preservação das florestas nativas, como também na resposta à necessidade crescente de bens e serviços do ecossistema, inclusive das matérias-primas renováveis e de origem não fóssil que viabilizam o desenvolvimento da bioeconomia.