Incêndios Rurais
As obrigações de limpeza de terrenos em Portugal exigem a gestão da vegetação, até 30 de abril de cada ano, em redor de casas e infraestruturas que estejam localizadas em espaços rurais – territórios florestais e agrícolas.
Esta gestão deve ser feita numa faixa com:
A largura destas faixas, prevista na legislação que determina as obrigações de limpeza de terrenos, pode ser redefinida localmente em função da perigosidade e risco de incêndio rural, existindo nas câmaras municipais informação específica sobre a sua extensão.
A gestão de vegetação ou gestão de combustíveis, como também é designada, significa cortar (total ou parcialmente) árvores, arbustos e ervas nalguns locais, de forma a reduzir o material vegetal e lenhoso que apresenta risco de propagação do fogo em caso de incêndio.
Se não existir informação municipal específica, em territórios florestais, é obrigatório cortar e remover árvores e arbustos que estejam até cinco metros em redor dos edifícios usados para habitação ou para atividades económicas (contando da alvenaria em diante) e impedir que os ramos se projetem sobre os telhados.
Dos cinco metros em diante (e até ao limite da faixa), é ainda necessário:
– Manter quatro metros de espaçamento entre árvores (10 metros caso sejam pinheiros e/ou eucaliptos), cortando e removendo aquelas que não permitam manter este intervalo;
– Podar as árvores de modo a remover os ramos mais baixos: até aos quatro metros de altura (medidos a partir do solo) em árvores com oito ou mais metros ou até 50% da altura em árvores mais baixas.
Outros conselhos podem ajudar a reduzir o risco de incêndio: por exemplo, cortar os topos dos arbustos, de modo que não excedam os 50 centímetros de altura, e os topos das ervas, para que não excedam os 20 centímetros de altura, ajuda a reduzir a altura de vegetação nas faixas a partir dos cinco metros. Da mesma forma, nos cinco metros em torno das habitações deve evitar-se a colocação de lenha, instalar pavimento não inflamável à volta da alvenaria, proceder à limpeza de telhados e à colocação de redes de retenção de fagulhas.
As exceções às obrigações de limpeza de terrenos em zonas rurais, florestais e agrícolas vão para:
– jardins devidamente mantidos;
– árvores ou conjuntos de árvores que estejam classificados pelo ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas como de “Interesse Público”;
– espécies e habitats que estejam legalmente protegidos, como a azinheira (Quercus rotundifolia) e o sobreiro (Querus suber) por exemplo, ou as florestas de azevinho (Ilex aquifolium) que integram o habitat 9380 da Rede Natura.
Recorde-se que as obrigações de limpeza de terrenos enquadram-se nas normas relativas à Rede Secundária de Faixas de Gestão de Combustível e estas atividades têm de ser feitas todos os anos, até 30 de abril, por proprietários, arrendatários ou outros que tenham o usufruto de terrenos em zonas florestais em que existam a menos de 50 metros edifícios utilizados para habitação ou atividade económica (uma loja, por exemplo).
Esta Rede Secundária é uma das medidas inscritas no Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, que complementa outras, incluindo a Rede Primária de Faixas de Gestão de Combustíveis, constituída por faixas de redução ou interrupção de combustíveis com o mínimo de 125 metros de largura. A implementação desta Rede Primária é da responsabilidade do ICNF, embora as faixas possam localizar-se em propriedades privadas.
Fogo
2003, 2005 e 2017 foram os anos dos mais severos incêndios rurais e contribuíram para que a área ardida em Portugal fosse das maiores da Europa nas duas últimas décadas. Para além de refletirem mudanças na utilização do espaço rural, estes registos estão diretamente relacionados com condições meteorológicas extremas.
Fogo
O fogo é um processo ecológico que molda a paisagem há milhares de anos, estando o uso do fogo tradicionalmente associado à agricultura, pastagem e florestas. Considerado hoje por muitos como um agente de destruição, o fogo, apoiado por técnicas consolidadas, continua a desempenhar um papel relevante, nomeadamente na prevenção de incêndios. Fique a conhecer mais sobre este tema neste artigo escrito em colaboração com a estudante Mariana Carvalho.