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Floresta Portuguesa

Que usos se têm dado à alfarroba ao longo da história?

Além de servirem de alimento, principalmente pelo seu conteúdo em açúcar, outras utilizações foram dadas à alfarroba ao longo da história. As sementes de alfarroba, com um tamanho e peso relativamente uniforme, estiveram na origem da unidade de medida quilate (Carat) e os antigos egípcios usavam uma pasta de alfarroba como adesivo no processo de mumificação.

As referências a utilizações alimentares da alfarroba ao longo da história vão desde o seu uso na preservação de frutos no antigo Egipto e criação de um xarope na Sicília ao seu consumo direto como alimento em Pompeia e na passagem de São João Baptista pelo deserto (razão porque as vagens da alfarrobeira são também conhecidas como Pão de São João). A resistência da alfarrobeira a condições de secura faz com que tenha sido também uma importante fonte de alimento em alturas de fome.

Hoje, as sementes da alfarroba são usadas principalmente para produzir goma e é esta a sua principal valorização. Esta goma é usada como aditivo alimentar, estabilizador e espessante (E410), agente gelificante na indústria têxtil, na farmacêutica (laxante, cápsulas, cremes dentais, medicamentos para tratamento da diarreia infantil) e na cosmética (cremes de beleza).

A utilização da vagem da alfarroba e a sua polpa (que representa cerca de 90% da vagem) tem vindo a aumentar gradualmente. A polpa pode ser transformada em triturado grosso para alimentação animal ou em farinha de alfarroba para alimentação humana (pastelaria, doçaria, gelados, entre outras utilizações) após secagem e torrefação. O triturado da polpa é também utilizado para produzir proteína microbiana, substratos para a produção de fungos, taninos, licores, aguardentes e outras bebidas tais como cerveja artesanal. A extração e purificação da polpa permitem ainda a produção de xarope concentrado e álcool (por fermentação e destilação). A polpa de alfarroba tem vindo também a ser valorizada através do desenvolvimento de novos produtos que, além da farinha de alfarroba, incluem novas categorias alimentares, de que são exemplos a bebida vegetal algarvia Grand Carob e as barras e cremes Carob World.

Existe ainda um projeto de investigação em desenvolvimento, por um consórcio entre a Universidade do Algarve e a Cooperativa AGRUPAmento de Alfarroba e Amêndoa, para produzir bioetanol – o Alfaetílico. A produção de bioetanol tem sido baseada na utilização de matérias-primas agrícolas alimentares, como a cana-de-açúcar, a beterraba, o milho ou o trigo, mas neste projeto pretende-se usar resíduos de polpa de alfarroba provenientes da indústria de transformação. O objetivo é a produção de bioetanol de segunda geração, que permita a sua valorização pela produção de biocombustíveis, mas sem competir com a produção agrícola.

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