No restauro das florestas devem ser tidas em conta três formas de regeneração: regeneração natural, restauro passivo e restauro ativo.
Na regeneração natural suspende-se a perturbação que origina a degradação. Por vezes, é necessário trazer novas plantas para a equação, pois “reflorestar não chega”, e considerar elementos como o microclima e o relevo.
Veja-se o exemplo da Herdade da Contenda (Moura, Beja), zona em que foi cortado o estrato arbóreo devido à Campanha do Trigo (1929 e 1949): as tentativas de reflorestação, nalgumas zonas mal sucedidas, servem agora de base para compreender como evoluiu a reflorestação, através de uma série cartográfica feita ao longo de 67 anos. Nesta área de estudo consegue-se apurar a importância do relevo na reflorestação: a norte das montanhas verificou-se uma maior regeneração natural de azinheiras, mas o mesmo não aconteceu a sul.
Por vezes, é necessário recorrer ao restauro passivo, que pode ser aplicado sempre que se consiga retirar a origem da perturbação. Tomem-se como exemplo as zonas em que existe pastoreio, impedindo as plântulas de se regenerar naturalmente: uma das soluções é a exclusão ao pastoreio de diferentes zonas da exploração por determinados períodos de tempo, para que as plantas tenham a oportunidade de crescer.
Um bom exemplo é o da Companhia das Lezírias, onde se concluiu que o período ótimo para a regeneração dos sobreiros é de nove anos, tempo em que se deve evitar a sua perturbação.
A opção pelo restauro ativo implica ação direta sobre o ecossistema e é, em geral, mais dispendiosa, podendo servir objetivos como preservar o solo, conservar os habitats e a biodiversidade, produzir madeira, criar zonas de recreio ou melhorar a estética da paisagem.
Aprendendo com as experiências passadas pode perceber-se como proceder para diminuir a mortalidade, promover a regeneração e maximizar a funcionalidade das reflorestações, por etapas. Cristina Branquinho salienta alguns destes ensinamentos:
- Os pinheiros densamente plantados entram em competição entre si, inibindo regeneração natural, mesmo ao fim de 20 anos. O mesmo não acontece com as azinheiras;
- Uma maior densidade de árvores resulta numa maior complexidade estrutural; e mais arbustos resultam em mais biodiversidade. “Isto não depende apenas da espécie de árvore plantada, mas da forma como a gestão é feita”, refere;
- As zonas com mais arbustos retêm mais nutrientes no solo;
- Os povoamentos com sobreiro apresentam mais biomassa;
- A complexidade estrutural facilita a regeneração – quanto mais camadas de plantas de diferentes dimensões melhor a regeneração natural do sistema.
Cristina Branquinho relembra que “A floresta resolve três grandes problemas da nossa sociedade: melhora a biodiversidade, contribui para a mitigação e adaptação das alterações climáticas, e diminui a suscetibilidade à desertificação”. Mais floresta significa maior sequestro de carbono, melhor regulação climática e regeneração natural, promoção da biodiversidade e redução dos efeitos da desertificação. A floresta é, por isto, uma estratégia de mitigação dos efeitos das alterações climáticas que devemos, cada vez mais, entender, gerir e proteger.