A presença de organismos nocivos é uma das principais ameaças à sustentabilidade da floresta. Mas o que tem sido feito em Portugal para prevenir e controlar a dispersão destes organismos causadores de pragas? E quais os principais desafios que se colocam na gestão dos riscos fitossanitários?
Na União Europeia, a floresta ocupa uma área próxima dos 157 milhões de hectares e cerca de 3,15% deste total apresenta-se danificada, segundo dados do Global Forest Resources Assessment 2020. Um terço destes danos são causados pelas pragas florestais. Portugal não escapa a estes desafios e riscos fitossanitários.
Só entre 1995 e 2019, foram identificadas 15 novas pragas no território nacional, com danos ecológicos significativos e prejuízos económicos avultados. Considerando apenas a ação do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, o investimento que é feito anualmente na prevenção e controlo de pragas eleva-se a cerca de 1,15 milhões de euros.
São vários os fatores que explicam a crescente dimensão que este problema tem vindo a assumir na floresta nacional.
Por um lado, a utilização de plantas de má qualidade ou de espécies desadequadas às características da zona onde são plantadas (clima, solo e outras, chamadas condições edafoclimáticas), o que facilita o aparecimento de pragas. A ausência de modelos de gestão florestal adequados e de boas práticas fitossanitárias promovem também a dispersão dos agentes bióticos nocivos.
Por outro lado, os desafios à gestão dos riscos fitossanitários com caráter mais global. É o caso das alterações climáticas. Este fenómeno cria pressões acrescidas sobre os hospedeiros, incluindo as árvores das florestas, enfraquecendo-as, e favorece as condições para o estabelecimento de novas pragas.
Mas é a globalização da economia – nomeadamente o transporte de mercadorias a longa distância – que atualmente coloca maior pressão no controlo dos riscos fitossanitários.
Seja por terra, ar ou mar, são transportados por todo o mundo um grande volume de mercadorias, a maiores velocidade e distância do que no passado. Sintomático desta tendência, nos últimos anos, é o registo de um conjunto de interseções de fungos e insetos identificados em diversos portos marítimos da Europa, que acabam por dispersar-se nas nossas florestas.