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Gestão Florestal

É necessário aplicar adubos em áreas florestais?

Aplicar adubos em áreas florestais pode ser importante, especialmente em áreas geridas com objetivos de produção (de madeira, cortiça ou frutos e sementes), não só por se pretender que as árvores tenham boas condições de crescimento e produtividade, mas também porque a maior parte dos solos nacionais são pobres e as áreas florestais tendem a ser instaladas em zonas de baixa fertilidade para não competirem com a agricultura. Assim, a fertilização pode ser justificada para melhorar a fertilidade e propriedades do solo, especialmente na altura da instalação das plantas.

A adubação ou fertilização tem como objetivo fornecer às plantas os nutrientes que o solo não tem em quantidade suficiente para as suas necessidades. Permite repor ou complementar nutrientes no ambiente solo-planta, ajudando a manter a fertilidade do solo, as suas funções e capacidade produtiva, independentemente da espécie em cultivo.

A necessidade de aplicar adubos em áreas florestais é, habitualmente, menos exigente do que em áreas agrícolas, pois a queda e decomposição das folhas, casca e raminhos durante o crescimento das árvores permite restituir ao solo parte dos nutrientes por elas extraídos.

Apesar desta deposição de materiais orgânicos, a aplicação de adubos em áreas florestais pode ser necessária, em particular nas fases iniciais de desenvolvimento de uma plantação (de um povoamento), mas, geralmente, não se justifica depois. De facto, no médio-longo prazo, o enriquecimento em matéria orgânica do solo pela presença das árvores contribui para a sua nutrição, e, em simultâneo, reforça a capacidade do solo e das raízes armazenarem carbono removido da atmosfera.

A adubação adequada melhora as condições de crescimento das plantas. Aliada ao melhoramento genético, pode levar a ganhos de produtividade significativos. Por exemplo, plantas de pinheiro-bravo provenientes do programa de melhoramento genético do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária podem ter um ganho genético de cerca de 21% em volume, enquanto as plantas melhoradas de eucalipto podem produzir até 30% mais volume de madeira, indicam trabalhos do Instituto RAIZ.

 

 

Determinar as necessidades de adubação das áreas florestais – o solo e a árvore

 

As necessidades de aplicação de nutrientes dependem da espécie em causa e da taxa de crescimento da árvore ou planta, mas também, em grande medida, do tipo de solo e de clima de cada local.

Para saber que tipos de adubos são adequados às necessidades do solo de determinado local deve ser feita previamente uma análise de fertilidade do solo. O seu resultado permite conhecer os nutrientes que estão disponíveis e os que faltam para fazer face às necessidades das árvores.

Caso seja necessário complementar deficiências do solo em nutrientes específicos (identificados em análises de solo), a adubação deve ter em conta as necessidades de cada fase de crescimento da cultura, de modo a que a planta consiga absorver os nutrientes e usá-los de forma adequada, sem deficiência nem excesso, evitando perdas no solo.

Em plantações mais intensivas pode justificar-se a realização de uma análise às folhas da cultura, que dá a conhecer o seu estado nutricional atual e quais as carências existentes, definindo que tipo de nutrientes extra se devem aplicar para as colmatar.

Existem, de norte a sul de Portugal, laboratórios que fazem análises de folhas e de solo, assim como recomendações de fertilização. Vários estão relacionados com instituições de pesquisa e ensino na área florestal, como acontece nos seguintes exemplos:

Os Gabinetes Técnicos Florestais e as Associações de Produtores têm habitualmente informações sobre os laboratórios que podem fazer estas análises em cada região.

Existem também alguns manuais e recomendações para a aplicação de adubos em áreas florestais, que resultam de projetos de investigação cujo objetivo foi melhorar as condições de povoamentos com espécies específicas, como por exemplo o Manual de Fertilização do Sobreiro, que resultou dos trabalhos feitos pelo Grupo Operacional NUTRISUBER, o Manual de apoio aos primeiros anos de Sobreiros com fertirrega, do Grupo Operacional RegaCork, ou as Recomendações para uma Gestão Florestal Sustentável do pinheiro-manso, do Grupo Operacional FERTIPINEA.

Outras publicações reúnem o conhecimento técnico e científico existente, como o Manual de apoio à gestão nutricional do eucalipto, desenvolvido pelo Instituto RAIZ, ou o Relatório da síntese do conhecimento técnico e científico sobre o pinheiro, Publicado pelo Centro PINUS.

Encontre outros documentos de apoio no menu Recursos de conhecimento, pesquisando por: Gestão Florestal.

 

Diferentes tipos e formas de aplicar adubos em áreas florestais

 

Apesar de a adubação dever ser feita à medida das necessidades, há alguns aspetos transversais a considerar na fase de aplicação:

  • O solo deve estar húmido;
  • As plantas devem estar num período de crescimento ativo para tirarem partido da adubação. Este período corresponde, por excelência, à primavera e ao outono (evitando o pico do inverno, em que a maioria das espécies florestais tende a permanecer em dormência, reduzindo o seu metabolismo, e o verão, onde habitualmente escasseia a água);
  • Deve haver previsão de chuva após a adubação para que o adubo se dissolva e se integre melhor no solo.

Os adubos em áreas florestais podem ser aplicados no solo e estes fertilizantes podem ter diferentes formas: sólida, como granulados ou triturados; ou líquida, sendo estes aplicados através da rega, juntamente com a água.

Os adubos ou fertilizantes podem ser de origem mineral (naturais ou sintéticos), ou orgânica, ou ainda de origem mineral e orgânica combinada – os organominerais. Podem ainda conter um único nutriente ou vários, ser de libertação imediata – mediante aplicação no solo ou água -, ou ter mecanismos de libertação controlada, disponibilizando os nutrientes ao longo do tempo. Os adubos podem também atuar de forma ativa sobre as características do solo, preservando ou melhorando as suas propriedades, de forma a facilitar a retenção de água e a assimilação de nutrientes pelas plantas.

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