Os incêndios têm efeitos diretos sobre o solo que são particularmente gravosos quando, após as chamas, surgem as primeiras chuvas sem que o local tenha sido alvo de medidas de estabilização de emergência, capazes de reduzir a erosão.
Os efeitos diretos dos incêndios fazem-se sentir em primeiro lugar na vegetação, parcial ou totalmente consumida pelas chamas, e convertida em cinzas e carvão que se depositam sobre o solo. Os efeitos impactam também a manta-morta, com a perda desta camada protetora, e o próprio solo que, quando submetido ao calor do fogo, sofre alterações nas suas propriedades físicas, químicas e biológicas.
Após um incêndio, quando vem a chuva e não existe a vegetação que a intersetava, as gotas chegam diretamente ao solo em mais quantidade e com mais energia. Além deste maior poder erosivo da chuva, a inexistência de manta-morta permite que a água tenha maior capacidade de escorrer pela superfície e de transportar consigo as cinzas e os sedimentos. Quanto ao próprio solo, observa-se que a sua capacidade de infiltração fica reduzida. Isto significa que menos água entra no solo e mais quantidade fica disponível para escorrer pela superfície.
Assim, quanto maior é a severidade do fogo na queima de vegetação, assim como da manta morta e do solo, menor é a resistência das terras à deslocação de partículas e maior é também a escorrência destas partículas causada pelas chuvas. E assim aumenta a erosão.
Destes efeitos diretos da erosão do solo pós-fogo decorrem outros indiretos que incluem, por exemplo, inundações e aluimentos, com queda de sedimentos, cinzas e carvão que vão escorrendo encosta abaixo e acabam muitas vezes por bloquear estradas e poluir cursos de água.
Para conhecer melhor os níveis de erosão pós-fogo e pós-chuva, os cientistas têm feito medições das águas que escorrem e dos sedimentos por elas transportados. É com os dados recolhidos que avaliam o nível de erosão e as perdas de solo em situações reais e antecipam as alterações que podem ocorrer em futuros incêndios.
Esta informação é apoiada por imagens de satélite, que ajudam a definir as áreas as prioritárias onde é fundamental proceder à estabilização de emergência para reduzir os riscos de erosão e escorrência. É esta mesma informação que está na base do mapa de risco de erosão do solo.