Dinâmica Rural
Para construir uma nau eram necessárias entre 2000 e 4000 árvores, como referido no documento “A economia do sector da cortiça em Portugal” e no artigo “Arborização e desarborização em Portugal” (revista Informação Florestal nº 8, 1991).
Nos vários tratados portugueses da época sobre construção naval, o sobreiro (Quercus suber) é referido como tendo a melhor madeira para a estrutura das naus, dada a sua dureza e resistência à humidade. Para além dele, outras madeiras “nobres” foram usadas para construir naus, nomeadamente para a construção das suas estrutura, por serem mais resistentes à água: a da azinheira (Quercus ilex) e de outros carvalhos, como o carvalho-cerquinho (Quercus faginea) ou o carvalho-alvarinho (Quercus robur). Os pinheiros foram também aproveitados: a resina para calafetar, a madeira não resinada para estruturas. Para os mastros era utilizado o pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e, na sua falta, o pinheiro silvestre (Pinus sylvestris), importado do norte da Europa.
A construção de naus e navios, que levou ao corte de muita floresta nem sempre replantada, teve o seu período alto nos séculos XV e XVI, na época dos Descobrimentos e durante a manutenção do império colonial. A União Ibérica, em 1580, fez com que muitos navios portugueses fossem usados pelos espanhóis, tendo vários sido perdidos e a construção abrandado.
No final do século XIX, a utilização de chapa de ferro na construção de grandes barcos fez diminuir muito a utilização de madeira na construção naval. Ainda assim, o Pinhal de Leiria continuou a fornecer madeira para os estaleiros do país, que a usavam noutro tipo de embarcações: barcos de pesca, recreio, arrastões, bacalhoeiros e traineiras, entre outros.
Madeira utilizada no século XX, para a construção dos navios bacalhoeiros que iam à Terra Nova e Gronelândia
Em metros cúbicos (m3)
Madeira aparelhada | Madeira em bruto (com casca) | Nº de árvores (pinheiro-bravo do Pinhal de Leiria) |
|
---|---|---|---|
Navios de 300 toneladas | 700 | 1400 | 1750 |
Navios de 400 toneladas | 850 | 1700 | 2125 |
Navios de 500 toneladas | 950 | 1900 | 2375 |
Navios de 1200 toneladas | 2500 | 5000 | 6250 |
Fonte: A madeira para construção naval (opinhaldorei.blogspot.com)
História
A floresta portuguesa ocupa hoje mais de um terço do território português, uma área quase quatro vezes superior à do início do século XIX. As florestas primitivas de carvalhos desapareceram, sendo a floresta atual maioritariamente plantada. As alterações resultam da ação humana sistemática sobre o território, associada aos grandes fatores socioeconómicos que marcaram a dinâmica rural e a história portuguesa nos últimos 200 anos.
Bioeconomia
Motivadas pela procura de alternativas sustentáveis ao plástico, centenas de equipas por todo o mundo dedicam-se à investigação e desenvolvimento de bioembalagens. Um dos objetivos mais ambiciosos é a produção de garrafas de papel, mas dezenas de soluções permitem já reduzir a componente das embalagens que depende do petróleo.
Bioeconomia
As preocupações globais com a sustentabilidade têm limitado o uso de produtos de origem fóssil e renovado o interesse pelos produtos de base florestal. Encontrar novas aplicações e processos para os recursos florestais, assim como novas possibilidades de aproveitamento de sobrantes – desperdícios e resíduos “verdes” – são caminhos para aumentar o valor acrescentado da floresta e prolongar o sequestro de carbono. Em Portugal, há sinais encorajadores, sobretudo na bioindústria.