As engenharias e tecnologias florestais estão a atrair menos jovens do que é necessário num sector com inúmeros desafios e saídas profissionais e no qual há mais oferta de emprego do que candidatos.
Apesar da importância global das florestas, da sua estreita relação com inúmeras políticas europeias, das oportunidades diversificadas de emprego e da infraestrutura industrial em Portugal estar articulada com a academia em termos de investigação e desenvolvimento, a formação em engenharias e tecnologias florestais está a enfrentar um problema de fraca atratividade em Portugal.
É preciso tornar a área florestal mais atrativa aos jovens, até porque as questões relacionadas com a floresta necessitam cada vez mais de profissionais que consigam dar resposta a muitos desafios e novos paradigmas. A formação tem, por isso, que se fortalecer em várias áreas, entre as quais Conceição Santos refere:
- Sustentabilidade
- Papel multifuncional e integrativo
- Alterações climáticas e energia
- Interdisciplinaridade
- Inovação
- Competências transversais
As melhores universidades do mundo e as de topo europeias continuam a apostar na formação em engenharias e tecnologias florestais. Em Portugal mantêm-se, em universidades de várias regiões, vários cursos ao longo dos diferentes níveis de formação.
“Engenharia florestal e de recursos naturais” no Instituto Superior de Agronomia, da Universidade de Lisboa, é o mais antigo. Os primeiros anos são mais dedicados às ciências fundamentais, introduzindo-se nos seguintes outras dimensões, como a socioeconómica e ecológica. Este é um curso vocacionado para formar técnicos competentes na sustentabilidade da floresta, na mitigação de eventos como secas ou incêndios e no desenvolvimento tecnológico que vai melhorar a produção florestal.
O mesmo tipo de estrutura tem o curso de “Ciências florestais e recursos naturais”, na Escola Superior Agrária de Coimbra. Este tem o benefício de um estágio profissionalizante e o acesso pode passar pela prova de biologia/geologia ou por esta juntamente com físico-química ou com matemática, outra diferença face ao anterior, no qual a prova de acesso é obrigatoriamente de matemática.
Outra licenciatura é a de “Engenharia e biotecnologia florestal”, da UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em conjunto com a Universidade do Porto. Esta é uma licenciatura que se renovou para integrar novas vertentes das tecnologias, desde as biotecnologias à inteligência artificial. Embora os primeiros anos sejam também mais dedicados às ciências base, este é já um ensino que integra casos de estudo e que, no terceiro ano, tem uma componente de internacionalização, com especialistas de outros países. É um curso que prepara novos técnicos para os desafios do século XXI, com uma visão multifuncional, tanto para quem estará ligado à gestão sustentável como para quem vai seguir uma perspetiva mais de laboratório, desenvolvimento e tecnologias.