Das algas ancestrais às primeiras plantas terrestres passaram-se milhões de anos e, nesta longa história das árvores, novos milénios decorreram até que o caule, a raiz e as folhas se estabelecessem e dessem, depois, lugar a árvores de grande porte.
Ainda a história das árvores não tinha começado, quando, há cerca de 2260 milhões de anos, houve um acontecimento decisivo para o planeta e para vida: umas pequenas bactérias – as cianobactérias ou bactérias azuis esverdeadas – evoluíram e começaram a produzir uma substância até aí inexistente e tóxica, o oxigénio.
Estas bactérias foram pioneiras na fotossíntese e definiram parte essencial do que é “ser planta”. A partir daí, o oxigénio começou a modificar a atmosfera da Terra e, assim, há pouco mais de 1500 milhões de anos, surgiram as algas verdes, ancestrais das plantas terrestres.
No período geológico que corresponde ao final do Câmbrico e início do Ordovícico, estas algas, que já viviam em água doce, invadiram o espaço terrestre. Eram plantas simples – provavelmente semelhantes às atuais hepáticas Marchantia polymorpha – e foi só quando surgiram as plantas com sistema vascular, para transporte de nutrientes, que se deram novas e importantes transformações.
A revolução Devónica: um passo de gigante na história das árvores e da Terra
Foi no período Devónico (há 419-359 milhões de anos) que as plantas, já com caule, começam a ganhar raízes e, mais tarde, folhas. Estas transformações permitiram-lhes, depois, começar a capturar dióxido de carbono da atmosfera, o que teve efeito tanto na sua constituição como na atmosfera e no clima, nomeadamente no arrefecimento da temperatura.
Assim, no final do Devónico, muitas pequenas plantas sem flor ganharam fisionomia de árvore e, no período seguinte, o Carbonífero, beneficiaram de outra enorme explosão de diversidade. Já no Cretácico (há 101-94 milhões de anos), as plantas com flor, até aí escondidas no sub-bosque, também se diversificaram e ganharam dimensão. Há menos de 63 milhões de anos, começaram a formar as primeiras florestas.
Esta história das árvores é um exemplo de sucesso evolutivo, pois por se elevaram acima do solo, as árvores conseguiram captar mais luz do que os seus concorrentes diretos. Esta é uma das razões que justifica porque é bom ser árvore, mas há mais:
• Quanto mais alta for uma planta, mais longe consegue dispersar as suas sementes (ou esporos, no caso dos fetos);
• O tronco pode armazenar nutrientes e água para compensar épocas de carência;
• A superfície de folhas que faz a fotossíntese está longe do solo e, por isso, protegida dos grandes herbívoros;
• Por se elevarem e evidenciarem na paisagem, as árvores são mais atrativas para os organismos mutualistas, como é o caso dos polinizadores;
• E, por terem um ciclo de vida muito longo, têm um reduzido o risco de extinção local.
Se é certo que nem tudo são benefícios, as vantagens acumuladas ao longo da história das árvores permitiu-lhes destacarem-se de entre as plantas: hoje, representam 90% da biomassa terrestre (incluindo animais), nos cerca de 27% da superfície da Terra coberta por florestas.