O valor das florestas encontra-se na soma dos produtos e dos serviços que elas nos dão. No entanto, mesmo os gestores florestais que já seguem práticas sustentáveis e certificadas não são recompensados ou remunerados pelos impactos positivos das suas atividades na manutenção, proteção, restauro ou melhoria dos serviços de ecossistema destas florestas – no armazenamento de carbono, na qualidade da água, na prevenção da erosão do solo ou na conservação da biodiversidade, por exemplo.
Em paralelo, cada vez mais organizações – desde empresas e instituições financeiras a governos – querem demonstrar o seu compromisso com as metas de sustentabilidade e procuram patrocinar projetos que possam ajudar a compensar a sua pegada ecológica. Precisam, no entanto, que estes projetos tenham dados concretos, íntegros e verificados sobre os seus impactos – dados de boa qualidade que lhes permitam fazer alegações credíveis, sem risco para a sua reputação.
Foi para aproximar gestores florestais e organizações patrocinadoras, desbloqueando o real valor das florestas para quem delas cuida, que o FSC desenvolveu o Procedimento para a verificação dos serviços dos ecossistemas.
Com este Procedimento, os gestores florestais têm oportunidade de demonstrarem os impactos positivos das suas práticas gestão, com dados credíveis e verificados, captando a atenção e o investimento de organizações patrocinadoras interessadas em utilizar as respetivas alegações – Declarações de impacto – na sua comunicação (por exemplo, nos seus relatórios de responsabilidade corporativa, social e ambiental).
Para facilitar o encontro entre as organizações patrocinadoras e os gestores florestais que têm implementado o procedimento de serviços dos ecossistemas, o FSC criou a plataforma TREEnder, em que se podem conhecer os projetos com verificação dos serviços dos ecossistemas e pesquisar, com o preenchimento de filtros, os vários tipos de serviços e locais onde se encontram estas áreas florestais.
Esta verificação dos serviços dos ecossistemas só pode ser feita em áreas cuja gestão florestal se encontre certificada pelo FSC, embora os dois procedimentos possam decorrer em simultâneo. Em 2024 há cinco serviços que podem beneficiar deste processo, com diferentes impactos que podem ser verificados:
- Carbono – Conservação ou Restauro dos stocks de carbono florestal.
- Biodiversidade – Restauro da cobertura florestal natural, Manutenção de uma rede de áreas de conservação ecologicamente suficiente, Conservação ou Restauro das características naturais da floresta e Conservação ou Restauro da diversidade de espécies (um outro – Conservação de paisagens florestais intactas não se aplica a Portugal por já não existirem as chamadas florestas virgens ou primitivas).
- Solo – Manutenção ou Melhoria da condição do solo e Redução da erosão.
- Água –Manutenção ou Melhoria da qualidade da água e Manutenção ou Restauro da capacidade das bacias hidrográficas para purificarem e regularem o fluxo da água.
- Recreio – Manutenção ou Restauro de áreas importantes para o recreio e turismo e Manutenção ou Restauro de populações de interesse para o turismo.
Um sexto, para os Serviços Culturais, encontra-se em desenvolvimento.