Um exemplo prático do potencial e da simplicidade do uso de eDNA no sector agroflorestal é o estudo realizado pela SGS, a Navigator e a consultora 2bforest, que mapeou a biodiversidade de zonas de produção e de conservação em duas florestas maioritariamente de Eucalyptus globulus no norte de Portugal.
Em poucos dias de trabalho de campo, foi possível identificar por eDNA a presença de 398 espécies ou géneros distintos de organismos, incluindo 48 espécies de vertebrados, algumas com estatuto especial de proteção segundo a International Union for Conservation of Nature (IUCN).
Este estudo criou um referencial de base para a biodiversidade que auxilia na gestão sustentável destas florestas, permitindo avaliar a eficácia de diferentes intervenções e praticas na conservação da biodiversidade local. Além disto, forneceu uma métrica auditável para relatórios de sustentabilidade que pode facilitar o acesso a financiamentos verdes e mercados emergentes de biodiversidade.
Outro exemplo inovador – e que revela o potencial do eDNA para facilitar a deteção precoce de pragas – é um estudo realizado pela SGS e pelo RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, cujo objetivo foi identificar e monitorizar os principais insetos polinizadores de eucalipto. Em duas parcelas relativamente pequenas, além da identificação de 143 espécies de insetos, incluindo 14 espécies de polinizadores, foi possível identificar três das principais pragas do eucalipto no território nacional – Trachymela sp., Blastopsylla occidentalis e Gonipterus platensis –, apenas analisando os fragmentos de ADN deixados pelos insetos ao pousarem nas flores de eucalipto para se alimentar.
Proteger a biodiversidade é mais do que um desafio, é a uma responsabilidade coletiva que depende de ações concretas e inovadoras. O ADN ambiental é uma ferramenta científica que não vem substituir os métodos tradicionais, mas sim complementá-los, facilitando uma monitorização mais frequente e acessível, com dados padronizados que apoiam intervenções estratégicas. Desta forma, não só contribui para a proteção da biodiversidade, mas também abre caminho a novas estratégias de sustentabilidade e à construção de um futuro onde natureza e sociedade prosperem em equilíbrio.