É no nordeste transmontano que se localiza uma das florestas europeias mais extensas de carvalho-negral (Quercus pyrenaica), em grande parte situada na área do Parque Natural de Montesinho, nos concelhos de Bragança e Vinhais.
Entre as diversas funções agroecológicas e socioeconómicas, as florestas de carvalho-negral são de particular importância para a sustentabilidade dos sistemas silvopastoris e proporcionam as condições ideais para a obtenção de um conjunto de produtos florestais não lenhosos silvestres, como cogumelos, ervas medicinais ou bolotas.
O conhecimento atual sobre o potencial destes carvalhos está ainda limitado à produção de madeira e biomassa, desconhecendo-se qual a produção e o valor do seu fruto, a bolota. Esta falta de informação contrasta com outras espécies de carvalho mediterrâneos, como a azinheira (Quercus ilex) ou o sobreiro (Quercus suber), que já têm uma base de exploração comercial para a bolota.
Liderado pelo Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, numa colaboração com o Instituto Politécnico de Bragança, o Agrupamento de Produtores de Mel do Parque e a empresa Bota um Cibo, o projeto AcornDew procurou dirigir a sua investigação no sentido de agregar informação capaz de permitir o desenvolvimento e a otimização de planos de gestão dirigidos à produção de bolota de carvalho-negral ou à coprodução de madeira, lenha e bolota. Ao mesmo tempo, procurou reconhecer o papel fundamental deste carvalho na produção de mel de melada e potenciar a utilização da bolota de carvalho-negral na indústria alimentar.