Ao longo da paisagem acidentada de montanha, destacam-se a variedade de espécies botânicas e animais, mas também os sinais da passagem de diferentes civilizações. A confluência entre a natureza e a ocupação humana ao longo dos séculos não acontece por acaso e está estreitamente ligada às características geográficas da Peneda-Gerês.
A ocorrência de diferentes tipos de clima – atlântico, mediterrâneo e continental – criam condições para diferentes tipos de habitats, associados a uma vasta diversidade de flora e fauna. Por outro lado, o relevo de montanha sempre prestou proteção e segurança às comunidades que, há milénios, ocupam as encostas da região, com vestígios visíveis ao longo de todo o parque.
Os exemplos da ocupação humana no Gerês ao longo da História são variados:
– As gravuras rupestres do Penedo do Encanto e da Chã da Rapada, a necrópole megalítica de Castro Laboreiro e as antas (monumentos tumulares) da Serra do Soajo são marcos da importância simbólica e ritual do Gerês para as comunidades pré-históricas. De visitar também o Complexo de Arte Rupestre do Gião, muito próximo da delimitação do Parque Nacional.
– As ruínas da Calcedónia ou o castro da Ermida são vestígios da Idade do Ferro – o último dos grandes períodos da Pré-História – nesta zona montanhosa.
– A famosa “Geira” – nome pelo qual se popularizou a via romana XVIII do Itinerário Antonino – é um dos vestígios mais emblemáticos da presença romana na região. Trata-se de uma estrada militar, cuja construção deve ter rondado o final do século I, e que serviu para ligar as cidades de Bracara Augusta (atual Braga) e Asturica Augusta (atual Astorga, Espanha), facilitando a deslocação das legiões. No território do Parque Nacional é possível observar troços e vestígios desta via romana entre as originais milhas XIV e XXXIV, como por exemplo marcos com indicação das milhas (miliários), estações de muda (mutatios) ou mansions, locais de descanso ao longo da via, atualmente submersos, e apenas visíveis quando desce o nível da água na albufeira de Vilarinho das Furnas. A Pedra dos Namorados, que pode ser vista no Núcleo Museológico da Ermida, é outro dos sinais da presença romana.
– Os castelos de Lindoso, de Montalegre e de Castro Laboreiro e as ruínas do mosteiro de Santa Maria das Júnias recordam a ocupação humana na era medieval.
– Construções como os espigueiros do Soajo e do Lindoso, silos em pedra para secagem do milho, protegidos estrategicamente de roedores e outros animais, ou os fojos do lobo de Germil e da Portela da Fairra, grandes estruturas em pedra que serviam como armadilhas para lobos e que, pelo seu porte, exigiam a mobilização de toda a aldeia, testemunham a vivência nas aldeias serranas nos séculos XVIII, XIX e XX.