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Sintra: um refúgio da natureza

Uma vegetação exuberante, entrecortada por imponentes monumentos e jardins românticos, que nos convidam a recuar no tempo e a descobrir mil e uma nuances de verde. Descubra Sintra e apaixone-se por este refúgio encantado, a dois passos de Lisboa.

Sintra é conhecida pela sua vegetação luxuriante e pelo seu imponente património histórico e arquitetónico. Foi por isso que a UNESCO a classificou como património da Humanidade na categoria de paisagem cultural e é esta conjugação que faz de Sintra e da sua serra um destino obrigatório para uma escapadinha recheada de verde, história, mistério e romantismo. Antes de seguir viagem, tome nota das sugestões que ajudam a descobrir os recantos e encantos desta serra e vila, a que os romanos chamaram Monte da Lua.

Romantismo: o segredo da floresta de Sintra

A natureza e misticismo que nos invadem em Sintra devem-se ao Romantismo, o movimento cultural europeu que, desde finais do século XVIII a meados do XIX, deixou marcas na arquitetura e na paisagem. Foi graças às inúmeras espécies plantadas nesta época que Sintra recuperou de séculos de desflorestação. Inegavelmente, Sintra seria muito menos verde e faltar-lhe-iam os seus parques e jardins românticos sem esta influência.

Quando visitar Sintra?

Sintra mantém intacta a sua beleza durante todo o ano e continua exuberante mesmo no pico do verão. Ali, o tempo é mais húmido e fresco do que é habitual na região acima do Tejo: Sintra é um microclima e, por vezes, mesmo com o tempo quente e limpo nas redondezas, a humidade e neblina adensam-se sobre a serra.

Se estas neblinas podem não parecer a melhor notícia para quem quer desfrutar da paisagem, acabam por ilustrar bem a magia desta serra em fotos, além de que fazem de Sintra um reduto de frescura nos dias abrasadores de verão.

Seja qual for a altura do ano, um fim de semana não chega, mas é um bom princípio para perceber que este é um destino com muito para oferecer. Devido à afluência de visitantes, sobretudo ao fim de semana, opte por caminhadas ou transportes públicos para se deslocar pela vila e áreas envolventes.

Sintra: descubra-a caminhando

A melhor forma de descobrir Sintra é visitá-la a pé e dispõe de dezena e meia de rotas e percursos pedestres para o fazer. Entre elas, há várias sugestões acessíveis para quem se estreia nas caminhadas e que permitem sentir a serra, conjugando natureza, paisagem e monumentos, como é o caso da Pequena Rota dos Capuchos (4,9 km), da Pequena Rota Pena e Mouros (4,5 km) ou da Pequena Rota de Seteais (3,5 km, mas com declive acentuado).

Todavia, os mais experientes nestas andanças podem optar por rotas bastante mais exigentes, como a Pequena Rota do Rio da Mula ou a Pequena Rota do Cabo da Roca que, com mais de 11 e 13 km, de pequenas só têm o nome.

Escalada e rapel, espeleologia, orientação e birdwatching são outras formas de descobrir Sintra. Além disso, não faltam também experiências aéreas, como o arborismo, e náuticas, como o surf, já que há praias atlânticas com excelentes condições para este e outros desportos de mar, a uma dezena de quilómetros.

Há vida na Serra de Sintra

Caminhar permite observar alguma da vida que se esconde na Serra de Sintra e no Parque Natural Sintra-Cascais, que alberga mais de 200 espécies de vertebrados e de 1000 plantas diferentes.

Nem sempre é fácil avistar os animais. mas ali existem desde ginetas (Genetta genetta) a raposas (Vulpes vulpes), salamandras (Salamandra salamandra) e cágados comuns (Mauremys leprosa). A Serra dá ainda guarida a várias espécies raras e ameaçadas, incluindo diferentes morcegos (como o Morcego-orelhudo-cinzento, Plecotus austriacus), bufos-reais (Bubo bubo), águias de Bonelli (Aquila fasciata), gaviões (Accipiter nisus), víboras-cornudas (Viperalatastei) e cobras-de-capuz (Macroprotodon cucullatus).

Na flora, das cerca de 900 plantas naturais, há ainda espécies relíquia da floresta Laurissilva que seriam abundantes antes da última glaciação. Atualmente, convivem de perto com centena e meia de plantas introduzidas, parte delas já naturalizadas.

A intervenção humana milenar, primeiro com a pastorícia e depois com a agricultura, alterou e reduziu em muito a vegetação original. O repovoamento florestal, a partir do século XIX, deu à Serra o aspeto que atualmente tem, com espécies ornamentais e exóticas como o cedro-do-Buçaco (Cupressus lusitanica), o eucalipto (Eucalyptus sp.) e o pinheiro-de-Alepo (Pinus halepensis), entre outras.

Existem algumas espécies ameaçadas, como o cravo-romano (Armeria pseudoarmeria) ou o cravo-de-sintra (Dianthus cintranus), dois endemismos desta zona, o azevinho (Ilex aquifolium) ou o Feto-de-folha-de-hera (Asplenium hemionitis) que na península ibérica ocorre exclusivamente na Serra de Sintra, constituindo uma relíquia da floresta portuguesa do período terciário.

O azevinho (Ilex aquifolium) é uma das espécies ameaçadas