Notícias e Agenda

17.03.2023

Dia Internacional das Florestas 2023 dedicado às “florestas e saúde”

Dia Internacional das Florestas 2023 dedicado às “florestas e saúde”

“Florestas saudáveis para pessoas saudáveis” é o tema escolhido pela ONU – Organização das Nações Unidas para assinalar o Dia Internacional das Florestas 2023, a 21 de março. Saiba mais sobre a relação entre florestas e saúde e descubra algumas das atividades que assinalam esta data, em Portugal.

A sanidade das florestas e o seu contributo para a saúde e bem-estar são os temas em destaque no Dia Internacional das Florestas 2023, uma data instituída pela Organização das Nações Unidas.

Fonte de alimentos e ativos com fins medicinais, as florestas constituem uma barreira natural à transmissão de doenças (dos animais para os humanos), além de promoverem o bem-estar e a saúde física e mental e de serem importantes aliadas no combate e mitigação dos efeitos das alterações climáticas.

Para que possam continuar a proporcionar-nos tantos benefícios, é preciso dedicar-lhes a atenção e os cuidados necessários para que se mantenham saudáveis, reduzindo a sua vulnerabilidade a riscos (desde incêndios a pragas) que as podem pôr em perigo.

“Dar e não apenas retirar”, pois da saúde das florestas depende a saúde humana é, assim, a base das mensagens centrais deste Dia Internacional das Florestas 2023, para as quais a ONU sensibiliza também num breve vídeo.

Em Portugal e em vários outros países assinala-se historicamente nesta mesma data o Dia da Árvore. Esta é uma efeméride mais antiga do que o Dia Internacional das Florestas, que foi instituído pela ONU apenas em 2012. Mais de um século antes, em 1907, foi organizada a primeira “Festa da Árvore” em Portugal.

Descubra quando começou e como evoluiu a proteção das nossas árvores de interesse público e a sua celebração, no artigo “Mais de 100 anos a proteger as árvores monumentais em Portugal”.

Iniciativas portuguesas no Dia Internacional das Florestas 2023

Há vários anos que Portugal celebra a data instituída pela ONU. Neste Dia Internacional da Florestas 2023 são várias a iniciativas que assinalam a efeméride. Tome nota de três exemplos:

  • Plantar uma árvore, plantar o futuro – na Quinta de São Francisco, Aveiro
    No âmbito do programa educativo Floresta do Saber, decorre uma ação de plantio de árvores e arbustos, com espécies que vão contribuir para a reflorestação desta quinta botânica, localizada em Eixo, próximo de Aveiro. Aberta à comunidade, a iniciativa prolonga-se por cerca de duas horas e pode ser realizada nas semanas antes, durante e após a celebração do Dia Internacional das Florestas 2023. A participação está sujeita a marcação prévia e a realização dependente das condições meteorológicas.
  • Postais digitais com árvores extraordinárias – online
    A Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade (FAPAS) propõe-se celebrar o Dia Internacional das Florestas 2023 com as escolas, desafiando os alunos a fotografar uma árvore extraordinária (idade, raridade, beleza, história, valor ecológico, etc.), dedicar-lhe um breve texto e partilhar imagem e escrita, até 21 de março, com pelo menos dez amigos e com a FAPAS. A inscrição na iniciativa terá de ser feita pelos professores.
  • Concurso de fotografia Florestas.pt – online
    Através das redes sociais, a plataforma Florestas.pt une-se às comemorações do Dia Internacional das Florestas 2023 convidando-o a captar a sua árvore favorita e a partilhar essa imagem. Fique atento à página de Facebook e ao perfil de Instagram do Florestas.pt para conhecer mais pormenores.

Benefícios de saúde a reter no Dia Internacional das Florestas 2023

As florestas têm um papel determinante na vida das populações que vivem em áreas rurais menos favorecidas – desde a disponibilidade de água potável à alimentação –, mas a importância deste binómio “florestas e saúde” está igualmente patente nas sociedades industrializadas.

Os benefícios das florestas para a saúde e bem-estar humanos foram detalhados num estudo que a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) dedicou ao tema em 2020. Das várias áreas mencionadas, destacamos três:

  1. Farmacêutica (e biomédica)
    Além das plantas usadas tradicionalmente nas mais diversas culturas, as folhas, casca, sementes e outras partes de plantas e árvores têm sido estudadas e incorporadas em medicamentos pela indústria farmacêutica. A aspirina é, certamente, uma das mais conhecidas provas da relação entre florestas e saúde, recorrendo à salicina extraída e purificada a partir da casca do salgueiro-branco (Salis alba), mas várias outras espécies florestais integram os ativos de medicamentos, como é o caso dos eucaliptos (Eucalyptus spp.) ou o teixo (Taxus baccatta). Desde finais do século XX que a biomedicina aprofunda também o potencial da celulose (presente nas plantas) e das suas variantes nanométricas (diferentes nanoceluloses) como material de base para o desenvolvimento de uma vasta gama de soluções de origem biológica, renovável e biocompatível com aplicações que vão desde implantes cirúrgicos a sistemas de transporte de medicamentos, passando por películas regeneradoras e cicatrizantes de tecidos humanos (pele e vasos sanguíneos, por exemplo).
  2. Dieta saudável
    Embora os produtos silvestres desempenhem um papel mais relevante na alimentação das populações que vivem junto ou no seio das florestas, nomeadamente em países em desenvolvimento, várias plantas, frutos, fungos e caça integram a dieta dos europeus. Por exemplo, em 2014, mais de 100 milhões de europeus assumiam consumir alimentos silvestres, avançou um estudo que defendeu a inclusão dos alimentos silvestres nos serviços de ecossistema. Menos óbvios, mas já relevantes, são os óleos derivados de sementes a que se juntam no Ocidente outras fontes nutritivas como os insetos, que começam a ser consumidos em vários países onde tradicionalmente não o eram (pela Europa e na América do Norte), valorizados por serem saudáveis e sustentáveis.
  3. Bem-estar mental e físico
    Bem-estar mental, físico e social são elementos base que se interligam para proporcionar um bom estado de saúde e cada vez há mais evidências que a exposição às florestas os influencia de forma positiva. No contexto dos países industrializados e dos ambientes urbanos, a relação entre florestas e saúde está amplamente documentada no caso da saúde mental, embora falte ainda aprofundar os benefícios mentais do contacto com a floresta no longo prazo. Estudos científicos indicam que as visitas a áreas florestais aumentam emoções positivas, promovem benefícios cognitivos de curto prazo (atenção) e diminuem stress e emoções negativas associadas à depressão, fadiga, ansiedade, incerteza e tensão. Inversamente, a falta de interação com a natureza durante o início da vida tem sido associada a dificuldades emocionais, cognitivas e físicas nas crianças e jovens. Embora menos documentados, vários efeitos fisiológicos benéficos têm sido avançados por estudos científicos que indicam, por exemplo, o reforço da função imunitária (pela ativação de células de defesa NK –Natural Killer – do sistema imunitário). De resto, em termos de saúde física, as áreas verdes e florestais promovem a atividade (contrariando as tendências de sedentarismo), com consequências positivas em doenças como a diabetes tipo 2 ou a doença coronária.

Recorde-se que a importância da arborização nas cidades foi alvo de um estudo europeu, publicado em 2023, cujas conclusões indicam: uma cobertura arbórea de 30% na área de uma cidade poderia baixar em 0,4 graus a temperatura local durante o verão e evitar cerca de 39% das mortes atribuídas às chamadas ilhas de calor urbana. Saiba mais sobre este estudo e a importância de “refrescar as cidades através de infraestruturas verdes” num contexto de fenómenos climáticos, como as ondas de calor.