Pragas e Doenças
Quando um proprietário de um espaço florestal ou arborizado se depara com uma árvore doente e não consegue identificar qual a causa ou a doença, pode contactar o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV).
Em Portugal, é este Instituto que tem os Laboratórios Nacionais de Referência (LNR) para as pragas e doenças das plantas, incluindo as que afetam as espécies florestais. Assim, tem à sua responsabilidade a assistência científica e técnica na área da sanidade vegetal a outros organismos do Estado, mas também presta serviços a privados, realizando análises a amostras que lhe sejam enviadas e visitas técnicas às propriedades.
O primeiro passo após detetar uma árvore doente é contactar o INIAV para saber como enviar ou entregar amostras das partes afetadas (por exemplo, folhas, raminhos, frutos, gomos ou flores) ou de solo, como fazer a amostragem (quais as condições que estas amostras devem respeitar – acondicionamento, temperatura, etc.) para poderem ser analisadas e quais os custos envolvidos. No âmbito dos serviços laboratoriais, existe uma área dedicada à sanidade vegetal no site do INIAV, onde podem ser consultados o local e as condições para a receção de amostras, assim como os preços de várias análises que podem ser efetuadas, e ainda descarregar a ficha de registo de consulta fitossanitária que terá que acompanhar a amostra, mas um contacto telefónico inicial poderá ajudar o proprietário a saber como proceder.
Podem igualmente ser contactadas duas outras entidades oficiais: a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). A DGAV é o organismo com o estatuto de Autoridade Fitossanitária Nacional e, na área florestal, atua em articulação com o ICNF.
Embora nos terrenos privados a responsabilidade pela gestão e saúde das árvores seja dos seus proprietários, eles podem procurar o aconselhamento de outras entidades a nível local. Estas organizações desenvolvem a sua atividade na região e, por isso, podem saber identificar qual a praga ou o problema que está a deixar a árvore doente ou orientar nos procedimentos a seguir:
Existem muitos organismos que podem causar pragas e doenças, afetando uma ou várias espécies florestais ou agroflorestais (e agrícolas).
Vários organismos potencialmente graves – incluindo os que não foram ainda detetados em Portugal ou na Europa e os que já estão presentes, mas ainda não estão disseminados – são alvo de particular atenção das entidades oficiais, sendo classificados pela União Europeia e Organização Europeia e Mediterrânea para a Proteção de Plantas (European and Mediterranean Plant Protection Organization – EPPO) como agentes bióticos nocivos “de quarentena” e sujeitos a medidas preventivas de prospeção.
Alguns destes organismos chegaram ao nosso país nas últimas décadas e os seus impactes tornaram-se significativos. Por esta razão foram desenvolvidos em Portugal “planos de atuação” para o seu controlo e erradicação. Deste grupo, que conta com planos de ação, fazem parte:
– Cancro-resinoso-do-pinheiro, que causa mortalidade nas espécies de pinheiros e afeta a Pseudotsuga menziesii. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) deve ser avisado imediatamente se forem detetadas plantas ou árvores com sintomas, os quais incluem, entre outros, amarelecimento das agulhas (que passam a avermelhadas), ramos secos, perda de agulhas e resina em excesso.
– Nemátodo-da-madeira-do-pinheiro, que causa a doença-da-murchidão-do pinheiro e, além de espécies de Pinus, afeta as outras coníferas, como os abetos, cedros, piceas, tsugas e pseudotsugas. Pode ser difícil de detetar, pois os sintomas não são claros e podem incluir amarelecimento e murchidão das agulhas, agulhas mortas que não caem por tempo prologando, diminuição da produção de resina e ramos secos e quebradiços que acabam por fazer secar a copa. Assim, caso haja suspeita, o ICNF deve ser contactado.
– Xylella fastidiosa, que afeta variadas espécies e culturas, incluindo carvalhos, plátanos, amoreiras, vinha, olival, amendoal e pomares de citrinos. Os sintomas podem diferir entre espécies e podem incluir descoloração pronunciada das extremidades, com um halo vermelho ou amarelo entre tecidos queimados e verdes e as nervuras amarelas nas zonas aparentemente sãs. O Plano de ação é da DGAV e se for detetada uma planta ou árvore doente com sintomas de Xyllela fastidiosa deve ser avisada a DGAV ou o ICNF.
Refira-se que uma árvore doente pode estar afetada por uma praga ou por uma doença (embora, por norma, na Europa, se tenha passado chamar pragas a todas as questões de fitossanidade vegetal).
As pragas florestais devem-se a insetos, ácaros e outros organismos que colonizam as plantas, afetando o seu funcionamento e dando origens a sintomas que incluem manchas nas folhas ou agulhas, galhas, orifícios e galerias no tronco ou na raiz e, eventualmente, a morte da árvore.
Alguns organismos, assim como os seus estragos, podem ser observados a olho nu, como é o caso dos desfolhadores. Outros, como os que escavam galerias debaixo da casca, são mais difíceis de detetar. De notar que cada organismo é especializado numa parte da árvore: os desfolhadores consomem folhas e agulhas; os perfuradores escavam galerias nos ramos e tronco e os picadores-sugadores afetam folhas, raminhos, flores e frutos.
As doenças das árvores são causadas por fungos, oomicetas, bactérias, vírus e nemátodos, alguns destes transportados por insetos, com os quais estes organismos nocivos estabelecem relações de mutualismo ou simbiose. Tal como acontece com as pragas, nas doenças também são afetadas diferentes partes da árvore.
Muitos dos sintomas – como manchas nas folhas, murchidão e lesões nos ramos e troncos – são comuns a diferentes doenças, mas também podem resultar da ação de pragas, o que complica a identificação do agente patogénico. Além disso, embora os sintomas possam ser observáveis, a identificação do agente que está a pôr a árvore doente depende, muitas vezes, da observação de estruturas microscópicas, do isolamento do agente e do seu estudo em laboratório.
Gestão Florestal
Num contexto de recursos naturais limitados e alterações climáticas, a gestão ativa e responsável do território é essencial. Nas áreas florestais, permite conciliar as diferentes funções da floresta, incluindo produção de bens e serviços essenciais, proteção, conservação, recreio, enquadramento e valorização da paisagem, assegurando as necessidades da sociedade e o equilíbrio ambiental.