Dinâmica Rural
Há uma grande diversidade de solos em Portugal, como mostra a cartografia produzida pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (SROA/CNROA/IEADR). Esta variabilidade morfológica, física e química impõe desafios técnicos importantes para a sua utilização agrícola ou florestal. De facto, parte significativa dos solos são pouco profundos, pedregosos e ácidos, e normalmente ocorrem em zonas de topografia acidentada, o que resulta em pouca capacidade para promover o crescimento vegetal. É por isso que se diz que os solos são esqueléticos e pobres (de baixa fertilidade). No entanto, para saber mais sobre os solos, precisamos de ter em conta as propriedades e características de natureza morfológica, física, química e biológica que lhes estão associadas.
Assim, cada solo que encontramos na paisagem resulta da combinação e interação de cinco fatores designados fatores de formação do solo: material de origem (rochas), relevo, clima, organismos vivos e tempo. Em Portugal, resumidamente, pode dizer-se que predominam os seguintes factores:
• Relativamente ao material de origem, embora haja materiais de características muito variáveis ao longo do território, predominam rochas metamórficas como os xistos, rochas sedimentares como os arenitos, as areias não consolidadas, os calcários e rochas magmáticas como os granitos e basaltos.
• O relevo, por sua vez, é muito variável e apresenta com frequência declives muito acentuados, o que não favorece a formação de solos profundos.
• O clima é mediterrâneo com inverno chuvoso e verão seco e quente, características climáticas que também não contribuem para a formação de solos profundos.
O clima e os organismos atuam sobre o material de origem (rocha), num determinado relevo (topografia), e com o decorrer do tempo, transformam rocha em solo. Assim, como consequência das diferentes interações entre esses fatores, cada solo apresentará um conjunto próprio de propriedades e características, como por exemplo a profundidade, pedregosidade, cor, textura, estrutura, composição química e fertilidade.
Para além de características físicas limitantes para o crescimento das plantas (pouca profundidade, elevada pedregosidade e textura predominantemente arenosa), a maioria dos solos do território continental de Portugal têm baixa fertilidade natural, como se pode observar na carta de declives, espessuras e pH disponíveis no EPIC WebGIS. O teor em matéria orgânica influencia diversas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, como por exemplo a capacidade de arejamento e fornecimento de nutrientes às plantas.
Também aqui há diferenças ao longo do território, que também estão relacionadas com o clima. O clima quente e alguma humidade no solo favorecem a decomposição da matéria orgânica. O clima frio e húmido favorece a sua acumulação. Assim, se generalizarmos, podemos dizer que nas regiões a sul do Tejo, os solos apresentam frequentemente baixos teores de matéria orgânica, ou seja são mais pobres, relativamente aos a norte do Tejo com teores mais elevados de matéria orgânica. A exceção a sul do Tejo são os chamados “Barros de Beja” que possuem elevada fertilidade graças ao material de origem desses solos (basaltos e calcários).
Adicionalmente, é preciso considerar que grande parte do nosso país se encontra suscetível à desertificação, como indica o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação. Nas causas apontadas inclui-se a intensificação das culturas agrícolas, a contaminação do solo por pesticidas e fertilizantes, a erosão, as alterações da paisagem e os problemas socioeconómicos que afastam as pessoas do interior e promovem a perda de biodiversidade, assim como os incêndios recorrentes. Refira-se também que a utilização de práticas de cultivo desadequadas reduz a fertilidade do solo e aumenta o risco de erosão.
Do cruzamento destes fatores resulta que o solo da maioria do território tem pouca capacidade de fornecer os nutrientes necessários para o crescimento das plantas e a produção vegetal.
Uma análise à carta de capacidade de uso do solo mostra que os solos em Portugal com maior capacidade de produção ocupam pouco mais de 4% da área total e restringem-se aos chamados Barros, como os de Beja, e às zonas de aluvião adjacentes a linhas de água. São chamados solos de classe A.
No outro extremo, temos os solos de classe E, “que têm uma capacidade de uso muito baixa” e ocupam a maior parte do nosso país. Estes solos não são suscetíveis de uso agrícola, podendo destinar-se à vegetação natural ou à floresta de proteção ou recuperação”.
História
A floresta portuguesa ocupa hoje mais de um terço do território português, uma área quase quatro vezes superior à do início do século XIX. As florestas primitivas de carvalhos desapareceram, sendo a floresta atual maioritariamente plantada. As alterações resultam da ação humana sistemática sobre o território, associada aos grandes fatores socioeconómicos que marcaram a dinâmica rural e a história portuguesa nos últimos 200 anos.
Espécies Florestais
Característica dos ecossistemas mediterrânicos e plantada nesta vasta região desde tempos remotos, a alfarrobeira (Ceratonia siliqua L.) está atualmente presente num conjunto mais alargado de países de verões quentes e invernos pouco rigorosos, como os EUA (Califórnia), a Austrália e a África do Sul.