Alterações Climáticas
Embora os termos sejam semelhantes, traduzem conceitos diferentes. Carbono zero significa que o bem ou serviço em causa foi produzido sem dar origem a qualquer emissão de carbono. Uma vez que boa parte dos processos, incluindo os biológicos, libertam carbono para a atmosfera (veja-se a respiração, que liberta dióxido de carbono), o conceito de carbono zero é praticamente inalcançável. Em alternativa definiu-se o conceito de neutralidade carbónica.
Chegar à neutralidade carbónica significa atingir o ponto de equilíbrio – ou seja, um balanço neutro ou balanço zero – entre as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e o seu sequestro da atmosfera. As florestas desempenham um papel relevante nesta equação, pelo contributo que dão para o sequestro e o armazenamento de carbono – isto é, pelo seu papel como sumidouro de carbono -, mas não são suficientes para contrabalançar o total das emissões que resultam atualmente da atividade humana – gerados em praticamente tudo o que fazemos, desde a produção de energia aos transportes, indústrias, agricultura, resíduos…
Se somarmos todas estas fontes de emissões (total emitido para a atmosfera) e lhes subtrairmos as parcelas retidas pelos sumidouros (total retirado), estamos atualmente longe de chegar ao resultado pretendido – o zero. Temos emissões anuais em Portugal a rondar as 59 megatoneladas de CO2.
Chegar a este resultado zero é o objetivo estabelecido pelo Roteiro Nacional para a Neutralidade Carbónica 2050, que traça as linhas orientadoras para reduzir os níveis de emissões atuais e aumentar os sumidouros de carbono nacionais até 2050. Aumentar os sumidouros implica que é necessário reforçar a capacidade de sequestro de carbono das florestas e de outros usos do solo, enquanto reduzir os níveis de emissões implica continuar a alterar a forma como utilizamos a energia e os recursos naturais, através de uma aposta crescente na bioeconomia circular e na promoção de soluções mais “descarbonizadas”.
Recorde-se que caminhar para a neutralidade carbónica é uma meta importante para alcançar os objetivos do Acordo de Paris: limitar o aumento da temperatura (relativamente aos valores de 1990) abaixo dos 2oC e prosseguir todos os esforços para que este aumento médio da temperatura global não ultrapasse 1,5oC, para assim reduzir os riscos e impactes negativos das alterações climáticas.
Ambiente
Até 2050, poderá haver mais plástico do que peixe nos oceanos. Este cenário reforça a urgência de encontrar alternativas aos plásticos, com materiais menos poluentes, de origem renovável e com elevada taxa de reciclagem, como os que provêm da floresta. Da próxima vez que for às compras, olhe para as embalagens para fazer uma escolha mais consciente.
Serviços do Ecossistema
A floresta portuguesa removeu da atmosfera mais de 10,4 megatoneladas de gases com efeito de estufa em 2019, o último ano com registos oficiais. Contabilizado ao preço médio das licenças de carbono europeias em leilão no mesmo ano, este carbono removido pela floresta representou mais de 257 milhões de euros.
Alterações Climáticas
Durante os últimos 30 anos, as florestas removeram cerca de um quarto das emissões anuais globais de dióxido de carbono, ajudando, assim, a mitigar os efeitos das alterações climáticas recentes. Em Portugal, os contributos da floresta têm sido positivos, exceto em anos de grandes incêndios: em 2019, cerca de 15% das emissões nacionais de Gases com Efeito de Estufa foram removidas pelas nossas florestas.