Floresta Portuguesa
Além da regeneração natural, feita através da dispersão das sementes que acontece naturalmente em zonas onde existe a espécie, há duas formas artificiais de estabelecer povoamentos, sejam eles uma florestação inicial ou uma reflorestação de pinheiro-bravo: sementeira e plantação.
A sementeira, muito usada até aos anos 70, está associada à disponibilidade de semente e à sua elevada capacidade germinativa. É a opção artificial mais barata, já que evita os custos de instalação inicial e os riscos associados à transplantação de plantas dos viveiros, assim como aos possíveis danos nas suas raízes. Deve ser feita no começo do Outono em regiões de climas mais secos e no início da primavera em zonas mais húmidas.
Nas diferentes regiões portugueses, a florestação ou reflorestação de pinheiro-bravo por sementeira não pode ser feita com qualquer semente. Desde 2003 (Decreto-Lei n.º 205/2003), foram definidas Regiões de Proveniência para o pinheiro-bravo, para garantir as características dos materiais de sementeira usados e a sua biodiversidade. Tendo por base caraterísticas de solo, clima e altitude, assim como os limites concelhios da divisão administrativa, definiram-se áreas delimitadas com caraterísticas ecológicas homogéneas. Deste modo, a semente colhida numa Região de Proveniência deve destinar-se apenas a essa região ou a regiões de condições ecológicas semelhantes, sendo desaconselhável a utilização de semente de proveniência desconhecida.
Fonte (adaptada): Regiões de Proveniência Portugal (p.49-51),
ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
A plantação é, no entanto, a opção mais usada atualmente, em parte porque permite que os povoamentos de pinheiro-bravo se constituam mais rapidamente, que fiquem mais homogéneos, o que facilita operações de gestão, e que as plantas tenham maior capacidade de competição com a vegetação espontânea.
No entanto, como já vimos, a plantação apresenta algumas desvantagens relativamente à sementeira: os já referidos custos de instalação são maiores, já que a preparação de terreno é mais intensa – tem também maior impacte no solo -, a mão-de-obra é mais exigente e as plantas são mais caras do que as sementes.
A plantação é recomendada em solos de textura pesada e zonas com ocorrência de geadas fortes e/ou secura estival. Deve ser feita no outono em climas mais secos e perto da primavera onde o inverno é rigoroso.
A arborização ou reflorestação de pinheiro-bravo por plantação deve ser feita com plantas cuja qualidade esteja assegurada. As plantas provenientes do programa de melhoramento genético português, da responsabilidade científica do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, apresentam um ganho genético de cerca de 21% em volume e de 17% em retidão do fuste. Este material florestal de reprodução é comercializado com a categoria “Qualificado”. As sementes são comercializadas pelo CENASEF – Centro Nacional de Sementes Florestais. Também os viveiros que adquirem semente qualificada comercializam plantas com a categoria “Qualificado”.
O pinheiro-bravo produz muita semente, pelo que aproveitar a sua regeneração natural é também uma opção. Tem menos custos de instalação relativamente à regeneração artificial (sementeira ou plantação), além de garantir a adaptação das plantas ao local. As primeiras intervenções que se fazem num povoamento de pinheiro-bravo com origem em regeneração natural têm por objetivo reduzir a densidade de árvores – e a sombra que impede o desenvolvimento dos pequenos pinheiros – podendo haver preservação da vegetação arbustiva espontânea com interesse ecológico. Esta redução da densidade deve ser adaptada às caraterísticas dos locais e às densidades dos povoamentos, diferindo em pinhais litorais e de montanha.
Espécies Florestais
O pinheiro-bravo é a espécie resinosa mais abundante de norte a sul do país e, além do papel socioeconómico que desempenha, as suas características ecológicas foram determinantes na história e na paisagem portuguesas. Saiba porquê neste artigo em colaboração com Edmundo Manuel de Sousa*.
Produtos Florestais não lenhosos
Portugal já foi o segundo maior exportador mundial de resina, uma substância viscosa recolhida principalmente em pinheiro bravo e com variadas aplicações industriais. Depois de décadas de abandono, a extração deste produto da floresta voltou a crescer nesta década. Foi uma subida ligeira, que pode ser alterada com a atual crise económica global.