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“Uma outra história da floresta portuguesa – o conhecimento das pessoas”, por Ignacio García Pereda

Quando se fala de conhecimento florestal, há múltiplos contributos que enriquecem o seu registo, apesar de muitos dos seus intervenientes não figurarem nos livros, nem terem escrito uma linha sobre o tema. Embora seja mais difícil de perpetuar estes saberes, os contributos destas pessoas e a partilha das suas memórias trazem valor à história da floresta portuguesa, agora revisitada ao longo de mais de um século.

O conhecimento que resulta da formação universitária e a informação proveniente de atores que permaneceram à margem da historiografia oficial são, pois, duas vertentes que importa considerar para compreender a evolução e contar a história da floresta em Portugal.

Entre 1860 e 1974, foram vários os atores que ajudaram a construir os principais marcos da história da floresta. Dos silvicultores, que, durante quase um século, foram praticamente os únicos profissionais da área com formação universitária, aos guardas-florestais, passando pelos tiradores de cortiça, proprietários florestais ou industriais da cortiça e da pasta de papel, o contributo de todos tem sido essencial.

Esta é uma história com vários momentos marcantes, como a criação do primeiro Ministério da Agricultura, mas também com várias figuras de referência, como Natalina Ferreira dos Santos de Azevedo, a primeira mulher silvicultora em Portugal.

 

Desafios para os próximos anos

 

Apesar dos cursos, profissões e entidades ligadas ao sector que emergiram nas últimas décadas, também aqui subsistem desafios. Por exemplo, as ciências sociais têm uma presença mínima nos vários cursos de engenharia florestal, isto apesar de haver cada vez mais profissionais que reconhecem o valor de disciplinas como a História ou a Filosofia para a sua formação.

A história e a cultura são elementos centrais na formação dos peritos florestais e poderiam facilitar o ainda incipiente entendimento e diálogo entre os vários interlocutores do sector, nomeadamente entre os agentes académicos e os técnicos florestais.

Sobre o Formador

Ignacio García Pereda é Investigador contratado do CIUHCT – Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Membro da direção da Euronatura e da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial, é Mestre em engenharia florestal pela École Nationale du Génie Rural, des Eaux et des Forêts (França). Tem ainda um Doutoramento em História da Ciência, pela Universidade de Évora.