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Floresta Portuguesa

O que representa o teixo na mitologia?

O facto de praticamente todas as partes desta espécie serem tóxicas contribuiu para que diferentes culturas integrassem o teixo na mitologia. Desde há muito que, em particular no norte da Europa, esta foi uma espécie associada à morte e uma das árvores mais frequentes nos cemitérios de vários países.

Em Inglaterra, por exemplo, a sua presença é comum nos adros das Igrejas, onde algumas destas árvores têm mais de três metros de diâmetro e de três mil anos de idade, sendo, por isso, mais antigas que as próprias igrejas. Uns dos teixos mais famosos da Europa encontram-se a ladear a entrada da porta da Igreja de Santo Eduardo, no condado de Stow-on-the-Wold, (Inglaterra), e dizem que foi nesta imagem que o escritor J. R. R. Tolkien se inspirou quando criou a porta da cidade de Moria em “O Senhor dos Anéis“.

Embora grande parte das representações do teixo na mitologia façam esta associação à morte – devido à sua toxicidade, era temido como a “árvore do veneno mortal” -, outras características contribuíram para que se tornasse também num símbolo de renascimento, continuidade e imortalidade:

– a sua longevidade, que o associa à vida eterna. Recorde-se que há relatos de alguns teixos que chegaram aos cinco mil anos;
– as folhas sempre verdes, que mantêm a coloração mesmo durante o inverno;
– a capacidade de, mesmo depois de cortado, dar origem a uma nova árvore, seja pelos rebentos que despontam no cepo ou toiça, seja ao enterrar partes da árvore – caules, raízes ou ramos do teixo – que darão lugar a um novo teixo.

Há registos do teixo na mitologia desde a antiguidade e esta espécie foi também alvo de práticas mágicas e simbologias. Por exemplo, a madeira de teixo, por ser forte e flexível para produzir arcos, desempenhava um papel importante na mitologia das civilizações nórdicas, sendo venerada como árvore sagrada. Mitologicamente, o arco de teixo é o emblema de Ullr, o deus arqueiro, regente do céu de inverno que habitava em Ýdalir, o “Palácio dos Teixos”.

O teixo foi também considerado como árvore protetora, com a sua madeira imbuída de poderes mágicos, que repelia tanto ataques físicos (por servir para talhar arcos e flechas) quanto psíquicos e, neste âmbito, usavam-se varetas de teixo com inscrições mágicas ou queimavam-se lascas dessa madeira para purificação. Esta espécie era também utilizada na confeção de talismãs e amuletos de exorcismo. “Nenhum mal resiste ao teixo”, era o ditado alemão que comprovava essas qualidades.

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