Recursos Naturais
A utilização de conceitos relacionados com a paisagem – como os serviços e funções das paisagens – tornou-se mais frequente depois do ano 2000.
Embora o conceito de paisagem seja parte integrante da cultura humana, ele só foi instituído formalmente em 2000, pela Convenção Europeia da Paisagem (CEP) – antes, em 1992, tinha sido definido apenas o conceito de “paisagem cultural”, pela UNESCO.
A expressão serviços das paisagens deriva do conceito de serviços do ecossistema e pode ser definida como os contributos das paisagens para o bem-estar humano. O conceito de funções das paisagens define a amplitude dos bens e serviços que as paisagens fornecem.
Apesar de derivarem do conceito de serviços do ecossistema, os serviços das paisagens têm algumas características distintivas relativamente aos primeiros:
– estão mais relacionados com as paisagens e seus elementos do que com os ecossistemas;
– alargam a perspetiva para além dos serviços do ecossistema, colocando maior ênfase nos aspetos estéticos, éticos
e socioculturais;
– expressam uma referência forte a características espaciais, o seu arranjo e interações;
– estão mais relacionados com os efeitos da atividade humana (como o uso do solo) no ambiente e a relação entre o ser humano e o ambiente;
– suportam uma visão mais integradora, como a ligação entre o conceitos social e físico de espaço;
– usam paisagens como unidades de referência espacial, que simplificam a compreensão das relações complexas de condições características em áreas diferentes;
– representam uma abordagem multidisciplinar, pois embora as disciplinas individuais usem definições diferentes de paisagem, os aspetos naturais, culturais e de uso do solo são tratados de forma igual;
– são mais relevantes para o planeamento e gestão da paisagem e encorajam a comunicação e as abordagens participativas – tendo a paisagem como elemento comum.
As funções das paisagens têm sido objeto de várias classificações. Sendo classificações focadas nos aspetos funcionais das paisagens, estão relacionadas com as necessidades, procura e objetivos humanos. Podem ser divididas em funções de produção (económicas), ecológicas e sociais. Classificações mais recentes dividiram as funções das paisagens em quatro categorias principais:
1. funções de provisionamento, que compreendem o fornecimento serviços. Incluem funções de produção de recursos como produtos animais e vegetais ou madeira e os bens e serviços que resultam da manipulação dos recursos naturais, como agricultura, silvicultura ou atividades de mineração;
2. funções de regulação, que resultam da capacidade dos ecossistemas para regular o clima, os ciclos biogeoquímicos (água, carbono, etc.) e os processos biológicos;
3. funções de habitat, que compreendem a importância das paisagens na manutenção dos processos naturais e da biodiversidade, incluindo funções de refúgio para espécies ameaçadas e fornecimento de locais de reprodução;
4. funções culturais e de recreio, relativas aos benefícios que as populações obtém das paisagens através de recreação, desenvolvimento cognitivo, relaxamento e reflexão espiritual.
Ambiente
Num mundo onde poucas são as zonas sem impactes da atividade humana, a definição de áreas naturais pode ser desafiante. Considerando as zonas com pouca ou nenhuma intervenção humana, a OCDE reportou que, em 2019, mais de metade do território dos países do mundo correspondia a áreas naturais e seminaturais, com maior expressão em países tropicais. Mas o que são áreas naturais, qual a sua importância e como têm evoluído?
Alterações Climáticas
Durante os últimos 25 anos, as florestas removeram cerca de um quarto das emissões anuais globais de dióxido de carbono, ajudando, assim, a mitigar os efeitos das alterações climáticas recentes. Em Portugal, o contributo das florestas como sumidouro de carbono tem vindo a diminuir nos últimos 10 anos.
Biodiversidade
Dos valores naturais, ao abrigo de múltiplas espécies de fauna e flora, as florestas são verdadeiras reservas de biodiversidade. Em Portugal, os habitats naturais da rede Natura 2000 com interesse prioritário de conservação vão desde os matagais de loureiro na serra de Monchique aos zimbrais nas dunas da Figueira da Foz. Apesar da sua importância, a maioria das áreas identificadas como zonas de interesse comunitário encontra-se em estado inadequado de conservação.