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Gestão Florestal

Quais são as principais operações de gestão florestal?

As operações de gestão florestal consistem nas atividades silvícolas realizadas para a instalação de povoamentos florestais (conjuntos delimitados de árvores plantadas numa determinada área), para a sua manutenção ou exploração (extração de recursos florestais, normalmente através do corte das árvores para valorização da madeira).

Quando está em causa a instalação de um novo povoamento florestal, as principais operações de gestão florestal são:

  • Preparação do terreno – consiste na limpeza de vegetação espontânea, tratamento de sobrantes (restos de ramos e folhas) que ficam no solo após o corte da cultura anterior e mobilização do solo para preparar o terreno para a nova plantação.
  • Plantação –consiste na correta plantação ou sementeira de uma cultura.
  • Adubação – algumas culturas florestais necessitam de nutrientes na fase inicial de crescimento, que podem não estar disponíveis no solo, sendo necessário recorrer à fertilização. Neste caso é aconselhado conhecer previamente, através de análises ao solo, que nutrientes devem ser fornecidos.

Para a manutenção de um povoamento já instalado e em pleno desenvolvimento, as principais operações de gestão florestal são:

  • Desrama –remoção de ramos inferiores da copa das plantas para melhorar a qualidade da madeira a obter.
  • Desbaste – corte seletivo de árvores num povoamento para reduzir a densidade de plantas, melhorando as condições para o crescimento das árvores que permanecem.
  • Seleção de varas – corte de varas em excesso em povoamentos que regeneram por toiça (em que os rebentos irrompem espontaneamente a partir do cepo, após o corte), de modo a promover maior crescimento das varas que permanecem.
  • Controlo de vegetação espontânea – limpeza de vegetação que compete diretamente com o povoamento florestal.
  • Adubação – adição de nutrientes em fases específicas do ciclo de crescimento das plantas, caso necessário, para suprir as suas necessidades nutricionais.

As operações de exploração final de um povoamento florestal normalmente incluem:

  • Abate – corte da árvore, para que o tronco possa ser aproveitado. Inclui a desramação do tronco e o corte em toros (pedaços do tronco, sem ramos).
  • Rechega – extração dos toros ou dos troncos inteiros para um mesmo local onde são concentrados para posterior transporte.
  • Transporte – do material lenhoso para fora do povoamento florestal.

Consoante a espécie florestal, as práticas silvícolas e as operações de gestão florestal que lhe estão associadas podem ser diferentes, sendo algumas muito específicas ao modo de condução dos povoamentos com determinada espécie, ou seja, muito dirigidas às especificidades da espécie e cultura em causa.

Por exemplo, para promover o crescimento das árvores num pinhal (pinheiro-bravo) procede-se ao desbaste, enquanto num eucaliptal a operação mais adequada é a seleção de varas.

Estas diferentes técnicas variam consoante a espécie tanto na instalação de povoamentos florestais como ao longo do seu ciclo de crescimento. Adicionalmente, as diferentes condições ambientais do território também influenciam os métodos, assim como as máquinas e equipamentos passíveis de serem usados.

 

 

Diferentes instrumentos apoiam operações de gestão florestal

 

Há diferentes tipos de instrumentos e máquinas que podem ser usadas nas diversas operações de gestão florestal, com diferentes impactes no solo e nas estruturas das plantas, e também com diferentes riscos de poderem contribuir para ignições que originam incêndios.

Por exemplo, nas operações manuais a enxada é um dos instrumentos que apoia atividades como:

– a sacha – corte de ervas em torno do tronco da árvore;

– amontoa – colocação de um pequeno monte de terra na base das jovens plantas para reduzir a perda de água e melhorar o suporte.

Já nas operações moto-manuais e mecanizadas, podem ser usadas, por exemplo, moto-roçadoras, corta-matos, ou grade de discos para realizar o corte da vegetação que cresce no terreno de forma espontânea.

De referir ainda as operações químicas, nas quais se pode recorrer à aplicação seletiva de herbicida sistémico para controlo de vegetação espontânea e invasora. Refira-se que os herbicidas, homologados pela DGAV – Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, só podem ser aplicados por técnicos ou aplicadores autorizados por este organismo.

Qualquer que seja a operação, devem ser sempre privilegiadas técnicas e ferramentas que promovam a diminuição do risco de erosão e de compactação do solo, que ajudem à estabilização da sua temperatura e à retenção de humidade, assim como à manutenção ou aumento da matéria orgânica, carbono e nutrientes no solo. Por exemplo, a utilização de um corta-matos em vez de uma grade de discos (gradagem) permite fazer o corte da vegetação, mas manter o solo protegido (efeito mulching) pela camada orgânica resultante da vegetação cortada.

 

Segurança e salvaguarda de valores naturais e patrimoniais

 

As operações de gestão florestal têm um período adequado para serem realizadas. Este período deve respeitar as necessidades de crescimento das plantas e as condições do período vegetativo no ano, mas também as questões de segurança e salvaguarda de valores naturais e patrimoniais.

Há alturas do ano, em que o uso de máquinas  em diferentes operações florestais é desaconselhado (ou proibido) pelo risco de incêndio que lhes está associado e há igualmente momentos em que estas operações devem ser evitadas para reduzir perturbações que podem afetar valores naturais – aves em nidificação, por exemplo.

Da mesma forma, os trabalhos no terreno devem ser feitos de forma a salvaguardar as distâncias de proteção face a valores naturais, bens culturais ou sociais existentes no local. Por exemplo, o raio de proteção a marcos geodésicos é de 15 metros (área que assegura a sua visibilidade) de acordo com a legislação vigente.

Em todos os trabalhos devem ser utilizadas boas práticas e equipamentos de proteção individual, respeitando igualmente as indicações constantes nas fichas de produtos e legislação vigente. Por exemplo, cada produto fitofarmacêutico tem associado uma ficha técnica de produto e de dados de segurança, que devem ser sempre consultados e respeitados. Também todos os equipamentos e máquinas vêm munidos de informação sobre as regras de utilização e cuidados a ter no seu uso.

Empresas especializadas em operações de gestão florestal e associações de produtores florestais disponibilizam este tipo de serviços por todo o país. Para se ter uma ideia dos custos das operações, feitas de forma manual, mista ou mecanizada, podem consultar-se as tabelas de custos de referência disponibilizadas pela Comissão de Acompanhamento para as Operações Florestais (CAOF) para arborização, rearborização, beneficiação e exploração florestal de povoamentos de eucalipto e de pinheiro-bravo.

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