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“Porquê escolher engenharia florestal e o que faz um engenheiro florestal?”, por Margarida Rios

Apesar de a floresta ser um ecossistema complexo, com uma grande variedade de áreas de estudo relevantes para a sociedade, a maioria da população não sabe o que faz um engenheiro florestal nem a que se dedica esta área de saber.

Em resultado da deslocação das populações para os centros urbanos e da predominância de temáticas negativas na comunicação social, como os incêndios, uma grande maioria dos cidadãos acabou por ficar afastada da realidade da floresta e muitos jovens nem equacionam esta área entre as suas opções de estudo e trabalho.

Margarida Rios colocou a questão “o que faz um engenheiro florestal?” a uma série de pessoas externas ao sector e a resposta que mais ouviu foi “não sei”. Entre outras respostas, houve quem relacionasse a profissão com a gestão dos recursos florestais e naturais, quem apontasse para o aproveitamento destes recursos e a sua rentabilidade económica, para a conservação e ainda para a produção de frutos, móveis, papel e outros bens. Houve também quem falasse da gestão da água, da manutenção dos solos, das pragas, das espécies invasoras e da relação com outros organismos.

Embora as respostas apontem para várias responsabilidades de um engenheiro florestal, ele pode fazer muito mais. Esta é uma área tão vasta que é difícil encontrar uma definição capaz de abranger uma profissão que pode cruzar desde a biologia celular e molecular à genética, química e bioquímica, passando pela climatologia, pelos sistemas de informação geográfica, pelo ordenamento do território, a gestão de recursos naturais e de projetos florestais, entre muitas outras atividades e áreas de especialização.

Diversidade de funções e oportunidades, que permitem deixar uma marca positiva

A engenharia florestal combina o pensamento analítico e crítico, a inovação e a resolução de problemas, características das engenharias, à vertente dos ecossistemas florestais, com toda a sua diversidade e complexidade. Esta interseção entre engenharia e floresta foi o que atraiu Margarida Rios a seguir esta área, mesmo sem ter anteriormente qualquer ligação à floresta.

Durante o seu percurso confirmou o que faz um engenheiro florestal e constatou que existem muitas áreas de trabalho e diversas oportunidades de estudo e investigação, tanto em gabinete como em campo, em laboratório e em contexto industrial.

E, mesmo numa área especifica, é possível cruzar estes vários ambientes. Por exemplo, ir a campo fazer uma recolha de amostras, trazê-las para laboratório para analisar e obter dados que são depois processados em gabinete, explica a jovem engenheira florestal. Bastante flexível e versátil, a engenharia florestal tem grande diversidade de atividades e vasta possibilidade de adaptação a diferentes perfis e preferências. E sendo muitas as possíveis áreas de trabalho, são inúmeras também as saídas profissionais.

“Há cada vez mais procura de engenheiros florestais”, reforça Margarida Rios, que partilha ainda uma outra perspetiva sobre o que faz um engenheiro florestal: é um trabalho que tem impactos visíveis e que está associado a um sentido de missão, com um contributo para um mundo melhor e mais sustentável. “Trabalhamos com ecossistemas complexos e com seres vivos – não é algo que seja descartável –, num contexto em que podemos deixar uma marca positiva”.

Sobre o Formador

Margarida Rios é mestre em Engenheira Florestal e dos Recursos Naturais, pelo ISA – Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa. Ingressou na The Navigator Company em 2023, tendo trabalhado nas áreas de Certificação Florestal e Planeamento da Atividade Florestal. Atualmente encontra-se a trabalhar no RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel.