As florestas, em conjunto com as algas marinhas são os “pulmões do mundo”, não apenas pela sua função de manutenção e renovação dos ecossistemas, como também pela sua importância em áreas estratégicas, como a economia e a produção de bens e alimentos, tão importante nos dias de hoje, de escassez de recursos.
São sobejamente conhecidas as vantagens de uma floresta sustentável, diversificada e multifuncional, assim como os benefícios dos recursos que daí advêm, sejam ambientais, sociais e económicos. Além de uma adequada gestão florestal integrada e multidisciplinar, é sobretudo necessária uma política capaz de traduzir as preocupações ao nível do combate à perda da biodiversidade, de alavancagem do rendimento económico e de inversão da desertificação do mundo rural, e, nalguns casos, orientadora da adaptação às alterações climáticas, bem como, de amplificação da função de sumidouro de carbono, neste caso como mitigação, e ainda por todo o serviço de ecossistema prestado à Humanidade.
Devemos, por isso, considerar 5 principais dimensões da floresta, em função dos seus serviços essenciais:
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- A primeira dimensão é a climática, pelo papel remediador global que presta, essencial no equilíbrio necessário do sistema terrestre, considerando as crescentes emissões de gases de efeito de estufa.
- Uma segunda dimensão é a patrimonial, pela riqueza que representa para o planeta ao nível global, mas também para os estados em particular, necessitando, por isso, também, de ser vista como Património Comum da Humanidade, devendo ser mais valorizada e mais protegida.
- A terceira dimensão é geobiológica, considerando a importância que a Floresta representa para o solo, quer quanto ao seu uso e ocupação, quer quanto à garantia que presta no fomento da biodiversidade, quer no impedimento da sua degradação e erosão.
- A quarta dimensão situa-se na vertente territorial, ou se quisermos de ordenamento, quanto falamos na dicotomia rural e urbano. Em função do tipo de Floresta, é possível e desejável ter Florestas que desempenhem vários usos. Nas áreas urbanas, melhorando a qualidade do ar, diminuindo a temperatura das cidades, reduzindo o ruído, promovendo a biodiversidade urbana, servindo de áreas tampão para impedir a construção com a consequente impermeabilização de solos e evitando cheias e inundações, bem como melhorar a saúde e a qualidade de vida das pessoas, como recentemente a Organização Mundial de Saúde veio atestar. Nas áreas rurais, promovendo os serviços agrosilvoambientais e a produção de produtos endógenos, assim como na otimização da agricultura e sobretudo como proteção dessas mesmas áreas.
- A quinta e última das dimensões da floresta é a (bio)económica. Não tenhamos ilusões quanto às vantagens que advêm de uma Floresta multifuncional que também possa ser produtiva e dar o rendimento necessário, principalmente tendo em conta a quantidade de produtos e subprodutos que são criados a partir desta área, ao mesmo tempo que continuam a ser prestados os serviços de ecossistemas úteis para a compensação da atividade antropológica.
Tendo em conta estas cinco dimensões da floresta, existem duas medidas essenciais a implementar.
A primeira é a de promoção de uma campanha consistente e de longo prazo de (re)arborização, ordenada, integrada e financiada, permitindo a criação e o alargamento de uma floresta cada vez mais de matriz autóctone em todo o País. Esta operação, onde o cadastro é o incontornável ponto de partida, poderia ser não só financiada pelo Fundo Ambiental, como também, diretamente pelas entidades que necessitem ou queiram ver a sua atividade compensada pelas suas emissões, criando assim um “mercado de carbono” de autorresponsabilidade ambiental.
A segunda é a urgente quantificação e valorização da Floresta enquanto Património Natural de modo que os proprietários possam vir a ser financeiramente compensados quanto aos serviços de ecossistema prestados e não apenas quanto ao produto ou recurso propriamente dito. Esta medida, neste momento, além de urgente, é a mais evidente nesta conjuntura que atravessamos de crise climática.
Já não há tempo para desperdiçar as oportunidades que a Floresta nos proporciona, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista ambiental e climático. De facto, urge, definitivamente, implementar uma responsável e robusta estratégia de rentabilização de todo o espaço Florestal nacional, urbano e rural, assente numa visão holística e de (muito) longo prazo, onde toda a sociedade pode e deve ser ativamente envolvida.