O sucesso dos resultados desejados com a gestão florestal sustentável depende de um conjunto de estratégias e tomada de decisões no planeamento, apoiados em métodos de base científica, como simuladores de crescimentos florestal e modelos de otimização florestal.
A preocupação crescente em torno da gestão florestal sustentável impulsionou a procura de novos mecanismos que permitam apoiar o gestor na tomada de decisão e os modelos de otimização florestal destacam-se entre eles. Estes modelos são ágeis e têm a possibilidade de abranger diversos problemas ou realidades, tendo como base diferentes objetivos.
Em Portugal, principalmente a norte, deparamo-nos com a problemática da micro propriedade, o que acarreta grandes desafios à gestão florestal. Os baldios representam cerca de 14% da área florestal em Portugal e em 2019 o conceito de gerir floresta de forma agrupada foi alavancado através de um financiamento promovido pelo estado português, para a constituição de Agrupamentos de Baldios.
A figura do agrupamento de baldios visa promover a extensão da gestão florestal qualificada a todos os espaços florestais destas áreas comunitárias, recorrendo ao desenvolvimento de modelos de gestão florestais conjuntos, que assegurem os interesses das partes interessadas e os princípios da sustentabilidade.
De forma a dar resposta às questões acima tomou-se como caso de estudo o Agrupamento de Baldios do Concelho de Boticas, constituído por 22 Unidades de Baldio, sendo a área constituída maioritariamente por espaços florestais – representam cerca de 53% da área total. O que tem vindo a ser feito neste agrupamento tem como objetivo primordial o trabalho em conjunto, de forma a valorizar e melhorar a exploração sustentável dos terrenos baldios.
Neste sentido foi desenvolvido um plano de gestão florestal com o objetivo de maximizar o volume de madeira extraído ao longo de um horizonte de planeamento a 30 anos, tendo como base simuladores de crescimento e modelos matemáticos.
Através do uso destes modelos e simuladores, conseguimos avaliar diferentes cenários e comparar os resultados que se obteriam ao optar pela gestão individualizada ou pela gestão conjunta das manchas florestais representativas de cada Unidade de Baldio. Constatámos que a gestão conjunta garante, a médio e a longo prazo, um aumento da sustentabilidade dos recursos, que é o fator chave para a gestão florestal sustentável, apesar do volume removido ao longo do horizonte de planeamento ser inferior.
Por vezes, é necessário “abrir mão” do valor gerado no momento para garantirmos uma maior rentabilidade no futuro.