Face a esta desorganização, é essencial mobilizar os recursos necessários ao desenvolvimento florestal segundo dois grandes eixos de atuação se quisermos (como é nossa obrigação face às gerações futuras) que o sector florestal desenvolva todas as potencialidades nas suas três valências:
a) romper o círculo vicioso do desinvestimento
Sendo a floresta eminentemente privada, tal só se conseguirá se os proprietários florestais criarem a expectativa que o investimento a realizar será compensador. Essa expectativa não existe hoje para a maioria dos proprietários, mas pode ser gerada. Uma forma de o fazer será começar rapidamente a remunerar os proprietários florestais que cuidem da sua floresta de acordo com as normas geralmente seguidas, em particular aqueles que adiram a formas de gestão agrupada na zona de minifúndio.
Esse financiamento seria calculado em função da contribuição de cada exploração florestal para o sequestro de carbono avaliado com base no preço de mercado das emissões. Como esta é uma externalidade positiva que a floresta gera e que beneficia toda a Sociedade, deve ser esta, através do Orçamento de Estado a ter a responsabilidade do financiamento. Para além disso, de forma complementar e com a mesma justificação – criação de externalidades positivas – a atividade florestal deveria ser isenta de impostos por um período determinado, suficientemente longo para abranger a reorganização do sector – que obviamente vai ser demorada.
Estes apoios não são suficientes, só por si, para rentabilizar a atividade, mas poderão dar um forte impulso ao investimento.
b) apostar de uma vez na evolução harmónica das espécies
Todas as três espécies de maior interesse económico – o eucalipto, o pinheiro-bravo e o sobreiro têm o seu papel no desenvolvimento da nossa floresta pelo que é essencial de uma vez por todas desfazer mitos, em particular o endeusamento ideológico das espécies chamadas autóctones. Evidentemente que estas têm também o seu papel e devem ser igualmente incentivadas. Mas pensar e atuar no sentido da nossa floresta voltar a ser o que era há quinhentos ou mil anos atrás só irá prolongar a sua agonia.
Como é sabido, o País dispõe hoje de grandes recursos financeiros para incentivar o desenvolvimento sustentável. Não encontro melhor aplicação do que a que dote o sector florestal das verbas necessárias para criar, por todo o País uma atividade económica saudável, inovadora e com futuro, permanentemente indutora e utilizadora dos resultados da investigação científica e tecnológica.