A tendência clara para concentrar precipitações ou, inversamente, não ter praticamente nenhuma chuva, juntamente com a sazonalidade, foi uma marca tipicamente Jurássico-Cretácica. O “paraíso” andava, portanto, muito dividido nesse tempo, tendo o “inferno” uma influência aparentemente mais marcante.
Perante este dinamismo dos ecossistemas, muitas espécies tiveram de abandonar o “éden tropical para entrar no limbo” e, desde então, penar nos biomas extratropicais. Esta “Divina Comédia”, por meio da qual foi estimulada uma migração germoplásmica (isto é, uma exportação de materiais genéticos), levou a novas viagens e combinações genéticas em latitudes mais frias.
Acrescente-se agora um pequeno detalhe de enormes repercussões: as variações do nível do mar. A movimentação das placas tectónicas envolveu também modificações glaciares, que incidiram diretamente nos volumes marinhos e, desta forma, na superfície das crostas terrestres.
Para entender a amplitude e implicações destas transformações Jurássico-Cretácicas (até ao Eoceno, pois esta revolução foi realmente longa e dolorosa, com quase 150 milhões de anos de lutas implacáveis) é preciso assumir que somos parte de um sistema dinâmico – a tal ideia inicial do dinamismo dos ecossistemas. Só desta forma, é possível compreender as incansáveis mudanças associadas aos biomas e os fluxos constantes de material genético.
Chegados a este ponto, temos um cenário, no mínimo, estranho no qual haveria muito desassossego entre as plantas. Mas neste complexo momento da evolução biológica houve algumas exceções de estabilidade. Uma delas vem da ordem Laurales, já então existente e que temos a sorte de conhecer nos nossos dias. Os loureiros, símbolos, entre a humanidade, de vitória e louvor, são um esplêndido representante deste conjunto biológico com quase 120 milhões de anos, que faz parte do grupo das angiospérmicas (plantas com sementes protegidas por frutos).