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Pragas e Doenças

Novas pragas e doenças das plantas em Portugal

As novas doenças não afetam só os seres humanos. As plantas também se deparam com organismos recém-chegados, que ameaçam a saúde e vida de centenas de espécies, com consequências negativas para o equilíbrio dos ecossistemas e graves perdas para a produção florestal e agrícola.

As novas pragas e doenças das plantas estão a aumentar em Portugal e na Europa. Entre as mais recentes e preocupantes está a doença causada pela bactéria Xylella fastidiosa. As alterações climáticas e o comércio internacional têm contribuído para a deslocação de insetos, fungos, bactérias e outros organismos que há algumas décadas não existiam no nosso território.

Na bacia do Mediterrâneo, o aumento da temperatura, a maior frequência de fenómenos climáticos extremos e as mudanças nos padrões de precipitação permitem antecipar consequências diretas na distribuição e incremento das pragas e doenças que afetam a floresta, refere o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.

Este aumento tem sido observado ao longo dos últimos 30 a 50 anos. Várias pragas e doenças das plantas, consideradas como preocupantes, são recentes, afetando culturas agrícolas, espécies ornamentais e também espécies florestais comuns em Portugal, como pinheiros (Pinus spp.), eucaliptos (Eucalyptus spp.), carvalhos (Quercus spp.) ou castanheiros (Castanea sativa).

No entanto, o número de pragas e doenças que têm chegado à Europa tem aumentado nos últimos anos. O INIAV referia, em 2018, que de acordo com a EPPO (Organização Europeia e Mediterrânica para a Proteção das Plantas), “foram introduzidas recentemente na Europa 18 espécies de insetos, havendo o risco elevado de entrada de, pelo menos, mais 16 espécies de insetos e ácaros”. Embora os insetos representem uma parte significativa, surgiram também fungos e outros microrganismos que têm obrigado ao estabelecimento de planos de ação nacionais para a monitorização, controlo e/ou divulgação.

A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2020 como o Ano Internacional da Saúde das Plantas. Nas suas mensagens, a ONU destaca que, tal como na saúde humana, prevenir a propagação das pragas e doenças das plantas é muito mais eficaz do que lidar com as consequências. A prevenção é crítica para evitar o seu efeito devastador.

Espécies exóticas que entraram recentemente na Europa
com planos em vigor em Portugal

ÁrvoresEspécieNome comumPlano existente

INSETO

FolhosasAnoplophora chinensisPraga potencialmente perigosa e com plano de contingência, mas ainda não detetada em Portugal
CastanheiroDryocosmus kuriphilusVespa das galhas do castanheiroPlano de Ação Nacional para o controlo do inseto
EucaliptoGonipterus platensisGorgulho do eucaliptoPraga com importantes impactes e com ações de divulgação
Thaumastocoris peregrinusPercevejo do bronzeamentoOrganismo existente na União Europeia, com plano de controlo em Portugal
PalmeirasRhynchophorus ferrugineusEscaravelho da palmeira, escaravelho vermelhoPlano de ação para controlo
PinheirosLeptoglossus occidentalisSugador de pinhasPraga que causa prejuízos económicos elevados, sujeita a plano de monitorização

FUNGO

PinheirosFusarium circinatumCancro resinoso do pinheiroOrganismo detetado em Portugal, com plano de ação para erradicação
FreixosHymenoscyphus pseudoalbidusMurchidão do freixoPlano de contingência para evitar a sua dispersão e entrada em Portugal

“FUNGO”

CarvalhosPhytophthora ramorumMorte súbita dos carvalhosPlano de contingência para prevenção e controlo

NEMÁTODO

PinheirosBursaphelenchus xylophilusNemátodo da madeira do pinheiroPrograma de ação nacional para controlo

BACTÉRIA

Várias espéciesXylella fastidiosaPlano de ação para erradicação e controlo dos insetos que a podem transmitir

7 pragas e doenças das plantas detetadas em Portugal nos últimos 30 anos

A maioria das pragas e doenças das plantas que entraram mais recentemente na Europa e em Portugal estão relacionadas com a chegada de novos insetos, fungos, bactérias e de um nemátodo (um verme microscópico da família das lombrigas).

Em alguns casos, insetos que já foram detetados noutros países da Europa não foram ainda identificados em Portugal, como é o caso de dois vindos da Ásia – Anoplophora chinensis e Anoplophora glabripennis – que têm afetado plantas ornamentais, como os bonsais, por exemplo. Nestes casos, em Portugal são tomadas medidas preventivas, na tentativa de reduzir o risco da sua entrada, e de deteção precoce, para que se possa agir rapidamente para a sua erradicação.