Recursos Naturais
A forma como é feita a circulação das águas subterrâneas depende da natureza geológica do aquífero onde a água está armazenada, com variações consoante o tipo e as características das rochas que o compõem.
Existem três tipos de aquíferos: porosos, fraturados ou fissurados e cársicos.
• Aquíferos porosos– Estão associados a rochas sedimentares, ou seja, rochas constituídas por inúmeras partículas, que podem ser ou não consolidadas, consoante os sedimentos estão soltos ou compactados, como o calcário. Aqui, a circulação das águas subterrâneas faz-se através de poros. Estes são os aquíferos mais importantes, quer porque se espalham por grande parte do subsolo, quer porque têm uma grande capacidade de armazenamento, o que permite juntar um volume considerável de água num curto espaço de tempo.
• Aquíferos fraturados ou fissurados – Estão associados a rochas ígneas (formadas pelo magma ou lava expelida pelos vulcões), como o granito, e metamórficas (que sofrem transformações em função de fatores como a pressão e a temperatura), como a ardósia ou o xisto. Nestes casos, a circulação das águas subterrâneas ocorre nas descontinuidades geológicas, ou seja nas fissuras e fraturas existentes nas rochas. Estes aquíferos são muito heterogéneos e de difícil gestão, embora possam também armazenar água em bastante quantidade.
• Aquíferos cársicos – Têm natureza calcária ou dolomítica (sedimentares). A passagem constante da água vai diluindo estas rochas e criando cavidades mais amplas, que permitem a contínua circulação das águas subterrâneas. À medida que estas cavidades se tornam maiores podem formar-se rios subterrâneos, que permitem o transporte rápido de um grande volume de água.
Tipos de aquífero
As águas subterrâneas são captadas e usadas em várias atividades socioeconómicas: consumo humano, tratamentos hidrotermais, rega e indústria. Estes usos requerem geralmente a construção de captações a partir dos aquíferos. Em Portugal, a água subterrânea é captada através de:
• Nascentes: emergências naturais de água à superfície, não sendo necessária qualquer construção;
• Poços: captações pouco profundas de largo diâmetro;
• Galerias ou minas: desenvolvem-se horizontalmente (túneis) até intercetar a água subterrânea;
• Furos: captações com dezenas ou centenas de metros de profundidade, de reduzido diâmetro, que permitem captar volumes elevados de água com boa qualidade (são as mais usadas atualmente).
Uma vez que a água subterrânea faz parte do ciclo da água, o volume de água nos aquíferos tende a ser reposto anualmente, pelas chuvas de outono e inverno (recarga). No entanto, quando o volume captado ao longo de um ano é superior ao volume anual de recarga, a água do aquífero diminui. Isto significa que estamos a usar mais recursos do que aqueles que a natureza é capaz de repor, ou seja, que estamos a sobre-explorar o aquífero, fazendo dele uma gestão que não é sustentável. Desse modo, o volume de água do aquífero será menor ano após ano.
Desenvolvido em colaboração com João Nascimento.
João Nascimento é Engenheiro de Recursos Hídricos pela Universidade de Évora e doutorado pelo Instituto Superior Técnico em ciências de engenharia. Tem desenvolvido a sua atividade profissional no âmbito da hidrogeologia e estado envolvido em projetos de investigação no Instituto Superior Técnico. Como especialista em recursos hídricos, participa em projetos de cooperação e desenvolvimento das Nações Unidas, Banco Asiático de Desenvolvimento, Banco Africano de Desenvolvimento e Millenium Challenge Corporation (EUA), entre outras organizações. É autor ou coautor de cerca de 70 trabalhos científicos.
Água
A água doce corresponde a uma ínfima fração da água do planeta e a sua disponibilidade e qualidade são influenciadas por múltiplos e complexos fatores, entre os quais a existência de florestas. Conheça o papel regulador das florestas na qualidade e disponibilidade deste recurso natural essencial à vida.
Alterações Climáticas
As florestas ribeirinhas são importantes sumidouros de carbono na mitigação dos efeitos das alterações climáticas. Um trabalho do Centro de Estudos Florestais, do Instituto Superior de Agronomia, publicado na edição de março da revista Forests, concluiu que os ecossistemas ribeirinhos armazenam quantidades de carbono comparáveis às das florestas de produção portuguesas, como pinhais, eucaliptais e montados.
Caso de Estudo
As florestas têm um papel importante no ciclo hidrológico e na proteção contra a erosão e a degradação do solo. No entanto, as perturbações derivadas das alterações climáticas estão a afetar a sua resiliência. O projeto europeu “LIFE Resilient Forests” tem como principal objetivo desenvolver uma ferramenta de apoio à gestão florestal integrada ao nível da bacia hidrográfica para promover ecossistemas e florestas mais resilientes. Conheça o caso de estudo nacional do projeto, neste artigo em colaboração com Maria Gonzalez e Miguel Almeida.