Valor da Floresta
A teoria dos cinco capitais baseia-se na ideia de que existem diferentes capitais – natural, humano, social, de produção e financeiro – cujo equilíbrio é necessário para que exista sustentabilidade dentro de uma organização (no contexto do conceito económico de criação de riqueza, ou “capital”). O capital natural representa a parte ambiental do desenvolvimento sustentável e é a base que suporta todos os outros, porque é estrutural à própria vida.
Sem recursos e processos naturais, a vida não pode manter-se, as organizações não conseguem funcionar, e o valor que lhes é hoje atribuído pelo sistema financeiro deixará de se aplicar. Esta é uma ideia central do conceito de sustentabilidade ou de desenvolvimento sustentável.
A teoria dos cinco capitais e a relação entre capital natural e os outros quatro – humano, social, de produção e financeiro – foi explicada por Jonhathon Porritt, no seu livro “Capitalism as if the World Mattered”, em 2005, embora já antes se tivesse falado em cinco capitais – por exemplo, em “Five kinds of capital: Useful concepts for sustainable development”, de Neva Goodwin, em 2003.
Jonhathon Porrit, ativista e escritor, fundou depois o “Fórum para o Futuro” (no original, em inglês, Forum for the Future), uma organização sem fins lucrativos que trabalha com governos e empresas na definição de estratégias que contribuam para um futuro sustentável. No site desta organização, sublinha-se que a crise de sustentabilidade que enfrentamos deve-se ao facto de estarmos a consumir as reservas de capital natural (e também humano e social) mais rapidamente do que estas estão a ser renovadas ou produzidas.
Neste sentido, a teoria dos cinco capitais defende que é preciso reduzir os excessos e trabalhar no sentido de manter e aumentar as reservas destes ativos de capital para que possamos viver dos excedentes, sem os reduzir estruturalmente. “É responsabilidade de cada organização, empresa ou outra entidade gerir estes ativos de capital de forma sustentável”, conclui o Forum for the Future.
Fonte: adaptado de The five Capitals – a framework for sustainability
O capital natural inclui toda e qualquer reserva ou fluxo de energia e material que dá origem aos bens e serviços, desde os serviços naturais que habitualmente não têm preço de mercado (o oxigénio que respiramos, o solo fértil onde crescem os alimentos ou a disponibilidade da água potável que bebemos), até às matérias-primas– em bruto ou transformadas – que usamos todos os dias (a energia com que cozinhamos e nos movemos, a madeira das peças de mobiliário que temos em casa, os metais indispensáveis à construção civil, de máquinas e equipamentos, etc.).
Engloba, deste modo, todos os recursos materiais renováveis e não renováveis, assim como os ciclos que mantêm os processos naturais (como a regulação do clima) e que permitem à natureza manter as suas funções de sumidouro, como a absorção de carbono ou a reciclagem de resíduos orgânicos, por exemplo.
Assim, e de acordo com o Forum For The Future, na extração, aplicação e transformação destes recursos, é preciso assegurar que o uso humano dos materiais retirados da natureza não ultrapassa a capacidade da própria natureza para dispersar, absorver, reciclar ou, de outra forma, neutralizar os efeitos prejudiciais que a sua remoção, utilização ou transformação possam trazer aos seres humanos e (ou) ao ambiente. Só assim o capital natural pode manter a sua sustentabilidade e continuar a suportar os demais capitais.
Capital Humano – consiste nos elementos necessários ao trabalho produtivo: saúde, conhecimento, capacitação e motivação das pessoas. A valorização do capital humano por meio da educação e formação é, neste sentido, fundamental para uma economia próspera e sustentável, devendo também ser asseguradas condições de acesso a oportunidades variadas de desenvolvimento pessoal, participação social, trabalho, criatividade e recreação.
Capital Social – diz respeito às instituições que ajudam a manter e desenvolver o capital humano nas suas relações com o outro – como famílias, comunidades, empresas, sindicatos, escolas e organizações voluntárias. Para ser sustentável, as comunidades e a sociedade em geral devem partilhar valores fundamentais e um sentido de propósito; as estruturas e instituições sociais devem promover o cuidado com os recursos naturais e o desenvolvimento das pessoas; e devem ser assegurados ambientes seguros para viver e trabalhar.
Capital Produtivo – compreende bens materiais ou ativos fixos que contribuem para o processo de produção, como ferramentas, máquinas e edifícios. Este capital é necessário ao fabrico de produtos e ao desenvolvimento de serviços. Para ser sustentável, todas estas infraestruturas, tecnologias e processos devem reduzir ao mínimo o uso de recursos naturais e maximizar a inovação e as capacidades ou capacitações humanas.
Capital Financeiro – desempenha um papel importante na nossa economia, permitindo que os outros tipos de capital sejam detidos e transacionados. Ao contrário dos outros tipos de capital, o capital financeiro não tem valor real em si mesmo, mas representa o valor atribuído aos restantes capitais (natural, humano, social ou produtivo). Falamos, por exemplo, da moeda ou das ações e obrigações. Para ser sustentável, o capital financeiro deve representar com precisão o valor do capital natural, humano, social e produzido.
Água
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