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Pragas e Doenças

Quais as principais pragas e doenças da azinheira?

As pragas e doenças da azinheira (Quercus rotundifolia) mais comuns devem-se, respetivamente, a três insetos e a quatro espécies de fungos. Nas pragas, os insetos desfolhadores são os que causam mais danos. Nas doenças, os fungos mais relevantes atacam as raízes (podridão radicular e fitóftora) e os ramos e troncos (carvão do entrecasco e seca dos ramos).

A maioria das pragas e doenças da azinheira afetam também o sobreiro (Quercus suber). Outras são comuns a espécies como o castanheiro (Castanea sativa) ou o eucalipto (Eucalyptus globulus).

 

Os três insetos responsáveis pelas principais pragas da azinheira

 

Duas lagartas e um besouro são os insetos responsáveis pelas pragas da azinheira mais comuns:

– Duas espécies de lagartas desfolhadoras que causam danos na azinheira (e também em castanheiros) são a portésia (Euproctis chrysorroea) e a limantria (Lymantria dispar). Ambas as espécies são peludas e podem ser encontradas no tronco e nas folhas. As duas atacam na primavera, provocando perda de folhas (desfolhas), que diminuem o crescimento da árvore e do fruto – a bolota.
A identificação desta praga pode ser feita pela deteção das lagartas nas folhas, mas também pela presença de folhas, flores e gomos destruídos. Nestes casos, os ninhos e as posturas devem ser destruídos. Outras formas de combater estas duas espécies de insetos é capturar machos com recurso a armadilhas com feromonas ou utilizar inseticidas biológicos criados a partir de culturas da bactéria Bacillus thurigiensis.

– O terceiro inseto que ataca a espécie é o xileboro (Xyleborus dispar), que também ataca castanheiros. As fêmeas abrem orifícios nas árvores e escavam galerias que diminuem a qualidade da madeira e afetam a nutrição e o crescimento da árvore, podendo levar à sua morte.
Os orifícios de entrada escavados pelos xileboros adultos tornam também a árvore mais suscetível ao ataque de fungos e deles pode ser vista seiva escura a escorrer. A única forma de combater a presença deste inseto é removê-lo e queimar as árvores atacadas ou mortas.

 

As quatro espécies de fungo na origem das principais doenças da azinheira

 

Podridão radicular, carvão-do-entrecasco e fitóftora são os nomes comuns de algumas das doenças da azinheira:

– A podridão radicular (ou agárica) é causada por fungos da espécie Armillaria e ataca azinheiras, sobreiros, castanheiros, pinheiros, ulmeiros, choupos, ciprestes e eucaliptos. A sua presença é detetada ao observar-se: a seca progressiva e generalizada da copa; folhas de pequeno tamanho, esparsas e com aparência pálida ou amarelada (clorótica); raízes apodrecidas e pouco resistentes; e podridão branca da madeira com excreções gomosas no tronco. Uma forma de combater este fungo é impedir a sua disseminação durante a preparação do solo onde vão ser instaladas as plantas. Sempre que possível, devem substituir-se as espécies vulneráveis a este fungo por outras que não lhe sejam suscetíveis.

– O fungo causador do carvão-do-entrecasco (Biscogniauxia mediterranea) é responsável por outra doença comum a várias espécies: azinheiras, sobreiros, choupos, castanheiros e eucaliptos. Provoca o aparecimento de fendas no tronco e nos ramos, a perda de folhas e a sua descoloração. Nos casos em que a doença já é mais notória, a casca apresenta manchas negras com líquido viscoso. Quando não é tratada, pode provocar a morte da árvore infetada ao fim de algum tempo.

Esta doença é transmitida pela utilização de instrumentos contaminados, pelo que a infeção pode ser prevenida pela desinfeção das ferramentas e das feridas causadas pelo corte e pela poda, através da aplicação de uma pasta cúprica (produto feito à base de cobre diluído em água).
Quando se verifica a presença do fungo na árvore, deve realizar-se o corte e desinfeção dos ramos atacados. As árvores demasiado afetadas devem ser abatidas e removidas do local onde se encontram, para evitar a contaminação de outras árvores.

– O fungo Diplodia mutila causa a seca dos ramos e ataca as árvores durante todo o ano. Os sintomas inicias são folhas com descoloração e alguma desfolha, que evoluem para fendas e necroses nos ramos e troncos, que começam a secar.
Em Portugal, não existem produtos para combater este fungo, pelo que a luta passa pela monitorização de novos ataques e pelo corte e queima dos ramos atacados, para evitar a sua propagação.

– A fitóftora deve-se a um conjunto de fungos (Phytophthora spp.) que atacam as raízes e a doença está relacionada com o chamado declínio do montado. Mais especificamente, o fungo Phytophthora cinnamomi é um microrganismo do solo que, quando ataca as raízes, causa danos que se estendem ao tronco e à copa: podridão das raízes; aparecimento de líquido negro no tronco; ramos mortos ou com pouca folhagem; amarelecimento e seca da copa; e folhas secas e enroladas nos ramos.
Este fungo pode ser combatido com a aplicação de químicos desinfetantes no solo, pela utilização de plantas sãs e com micorrizas nas plantações, pela instalação das plantas em solos bem drenados e evitando movimentar solo que esteja contaminado.

 

Promover a sanidade dos povoamentos ajuda a prevenir as pragas e doenças da azinheira

 

Embora a maior parte dos organismos que habitam as áreas florestais e agroflorestais (mesmo os insetos e fungos) não sejam prejudiciais e desempenhem um papel importante na estabilidade dos povoamentos de azinheira, há que manter a sanidade destes povoamentos para reforçar a sua resiliência e evitar os danos causados pelos agentes prejudiciais.

O manual de Boas Práticas de Gestão em Sobreiro e Azinheira apresenta algumas dicas:

Antes de instalar o povoamento:

  1. Evitar locais com acumulação de água e (ou) com encharcamento do solo. O excesso de água prejudica o desenvolvimento das raízes (sistema radicular) e favorece o desenvolvimento de fungos e outros microrganismos.
  2. Evitar solos delgados (pouco profundos) que, no verão, têm falta de água e, no inverno, excesso de água.
  3. Utilizar bolotas e plantas certificadas e micorrizadas.
  4. Definir um plano de instalação adequado ao local, tomando atenção às técnicas de preparação do terreno.

Se o povoamento já estiver instalado, a sanidade pode ser garantida ao:

  1. Reduzir as mobilizações do solo e evitar maquinaria para fazer o controlo do mato, de modo a diminuir a erosão e o corte das raízes superficiais.
  2. Adubar os solos de acordo com análises previamente efetuadas das suas necessidades.
  3. Aumentar o teor de matéria orgânica do solo, sempre que possível.
  4. Tomar atenção às normas e condições de realização de podas e descortiçamentos, de modo a não afetar a árvore.

Além dos insetos e fungos responsáveis pelas pragas e doenças da azinheira, também os animais selvagens e mesmo o pastoreio do gado podem causar danos em povoamentos jovens (os animais podem pisar as jovens plantas, por exemplo), enfraquecendo as árvores ou causando a sua morte.

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