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Pragas e Doenças

Quais as principais doenças e pragas do eucalipto?

Em Portugal, as principais doenças e pragas do eucalipto (género Eucalyptus) são causados por fungos e insetos, na sua maioria originários da Austrália.

Como em todo o mundo, também no nosso país o número de novas pragas do eucalipto tem vindo a aumentar nos últimos 50 anos, o que se justifica pela crescente circulação de pessoas e bens, inerente ao aumento do comércio global.

Relativamente às doenças, a maioria são causadas por fungos. Embora existam mais de 200 associados ao eucalipto na Europa, tanto em viveiros, como em plantações, são poucos os que causam danos mais graves:

– Doença-das-manchas (Teratosphaeria/Mycosphaerella spp.) – Estes fungos provocam manchas necróticas nas folhas, sobretudo em plantas jovens e podem causar intensa queda das folhas. O seu controlo em campo passa pela utilização de eucaliptos pouco suscetíveis.

– Bolor-cinzento (Botrytis cinerea) – Provoca lesões características nos caules e rebentos de eucaliptos, sobretudo em viveiro, embora possa ocasionalmente ocorrer em campo, em plantações jovens. Este fungo ataca muitas outras plantas com interesse económico, incluindo diversas culturas hortícolas, vinhas ou pequenos frutos, como morangos e framboesas.

– Cancros (Neofusicoccum spp.) – Estes fungos são normalmente oportunistas, aproveitando-se de árvores em stress. Causam cancros nos ramos e troncos que podem levar à sua morte.

Além das doenças do eucalipto, há ainda várias pragas do eucalipto que são preocupantes e todas elas já foram detetadas em Portugal:

Gorgulho-do-eucalipto (Gonipterus platensis) – As larvas e insetos adultos alimentam-se das folhas, provocando a sua perda nos topos das árvores e quebras de produtividade que podem ser graves. Para controlar as suas populações e reduzir os impactes, foi estabelecido um Plano de Controlo para este inseto. O controlo biológico, usando outros insetos que destroem os ovos do gorgulho, é um dos principais métodos para reduzir o impacte da praga. Em zonas muito afetadas pela praga podem ser usados eucaliptos menos suscetíveis e, em situações graves, pode recorrer-se ao uso de inseticida.

Brocas-do-eucalipto (Phoracantha semipunctata e P. recurva) – As larvas alimentam-se do tronco, onde escavam galerias. Estes estragos nos tecidos vasculares das árvores conduzem frequentemente à sua morte. O controlo da praga passa por práticas silvícolas que reduzam o stress hídrico, uma vez que a carência de água potencia os ataques, e pelo corte e remoção de árvores afetadas.

Percevejo-do-bronzeamento-do-eucalipto (Thaumastocoris peregrinus) – Este inseto, tanto em adulto como na sua fase precoce (ninfa), pica a superfície das folhas (alimentando-se do conteúdo das células), que adquirem um aspeto bronzeado ou prateado, sintoma que deu nome ao inseto. Ataques destes intensos causam a queda das folhas e a redução da produtividade dos povoamentos. Foi implementado em Portugal um plano de ação para o seu controlo.

–  Traquimela (Trachymela sloanei) – este inseto desfolhador tem um ciclo de vida de cerca de cinco semanas, o que lhe permite ter várias gerações por ano. Prefere folhas adultas recentes, tendendo a focar o ataque no topo da copa. Entrou em Portugal em 2019 e em cerca de três anos ocupou a metade sul do país. Em caso de ataque, recomenda-se o controlo químico para controlo desta praga do eucalipto.

Nova vespa-da-galha (Ophelimus sp.) – estes pequenos insetos, de uma espécie ainda não identificada, foram detetados pela primeira vez em Portugal em 2018.  O seu ataque leva à formação de galhas ou inchaços no caule e ramos das plantas. Esta recente praga do eucalipto tem sido chamada “nova vespa-da-galha” e provoca sintomas semelhantes aos da doença-das-manchas. Os ataques mais intensos têm ocorrido no centro e norte litoral.

 

Se detetar sinais que possam estar relacionados com as pragas e doenças dos eucaliptos, contacte o Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal ou uma associação de produtores da região. Pode ainda contactar o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas que, juntamente com a GDAV – Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, é responsável pelo pelouro da fitossanidade florestal em Portugal.
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