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Recursos Naturais

Quais são as principais ameaças aos recursos hídricos?

As principais ameaças aos recursos hídricos incluem o aumento da procura e consumo de água doce; a disponibilidade sazonal de água, condicionada por eventos meteorológicos extremos como secas, cheias e chuvas intensas que as alterações climáticas têm vindo a intensificar; e a qualidade da água, afetada pela poluição e pelo declínio do papel regulador e purificador dos ecossistemas. Estas ameaças são identificadas no Relatório Mundial das Nações Unidas 2021 “Valorizar a Água”, como os principais pontos críticos a nível global.

Relativamente a Portugal, uma das situações mais preocupantes é a redução da disponibilidade de água que se tem feito sentir nas últimas décadas, em particular, na zona sul do território. “Desde 1980 já por nove vezes houve mais de 10% do território em situação de seca extrema, e por quatro vezes mais de 75% em seca moderada ou severa”, sublinha a ANP | WWF, Associação Natureza Portugal – World Wide Fund, num documento de 2020, que identifica como causas a redução da precipitação, o aumento e severidade dos períodos de seca, o aumento da temperatura e um consequente acréscimo no consumo de água. Estes desequilíbrios geram escassez sazonal, uma realidade que, se prevê, venha a ser agravada pelos efeitos das alterações climáticas. Para Portugal Continental, estes efeitos antecipam uma diminuição da disponibilidade hídrica e um aumento da frequência de eventos extremos, com relevo para as secas, chuvas intensas e incêndios rurais.

Em resposta a estas ameaças aos recursos hídricos, importa aumentar a eficiência da gestão, distribuição e utilização da água, assim como proteger e restaurar os ecossistemas e habitats que condicionam e influenciam os recursos hídricos.

A ocupação do solo nas bacias hidrográficas tem impacte na qualidade e quantidade da água. A cobertura florestal do solo proporciona uma maior infiltração de água, o que promove a sua filtração e o maior armazenamento de água nos reservatórios do subsolo, ou seja, nos aquíferos. Estas reservas são centrais para a manutenção dos caudais dos cursos de água em épocas em que se intensifica a ausência de precipitação.

Quando o coberto vegetal é escasso verifica-se menor infiltração de água e maiores e mais rápidos escoamentos superficiais, o que aumenta a probabilidade de ocorrência de cheias no inverno, quando a precipitação é mais elevada, e reforça os fenómenos de erosão que degradam os solos e diminuem a qualidade da água. Os fenómenos de erosão e arrastamento de materiais vão ter ainda um efeito de diminuição da vida útil e da quantidade de água armazenada nas albufeiras, devido à maior sedimentação. Refira-se que as albufeiras são as principais fontes de água para uso agrícola e urbano.

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