Valor da Floresta
As fibras de celulose globalmente mais usadas para fabricar papel são obtidas a partir da madeira, que é constituída maioritariamente por celulose, lenhina e hemicelulose.
Para além das fibras da madeira, podem ser usadas fibras alternativas, como as da palha, do algodão, do bambu ou de outras plantas anuais, pois todas as espécies vegetais têm a celulose como seu principal constituinte.
O papel pode ainda ser produzido a partir das fibras de celulose recicladas, presentes no papel e nos materiais têxteis recuperados. As fibras de linho, algodão e cânhamo foram, aliás, as inicialmente usadas nos primeiros moinhos artesanais de produção de papel instalados na Europa, durante a Idade Média e até finais do século XVIII.
Com o advento de novas técnicas e tecnologias mecânicas de fabrico de papel, apoiadas pelas primeiras máquinas industriais, as fibras provenientes da madeira tornaram-se mais relevantes. Já na segunda metade do século XIX, a descoberta do processo químico de obtenção de pasta para a produção de papel tornou-as na matéria-prima de referência em todo o mundo.
Mas as madeiras não são todas iguais. Madeiras com maior densidade tendem a apresentar fibras mais robustas, com parede celular espessa e espaço interior (lúmen) estreito, o que contribui para uma maior resistência do papel e um melhor aproveitamento da matéria-prima, aumentando a produtividade do processo.
Além disso, troncos de maior diâmetro concentram maior volume de madeira, favorecendo o rendimento industrial. Estas características justificam a posição privilegiada das fibras de celulose florestais na produção de pasta para papel, seja por via de processos de cozimento mecânico (pasta termomecânica) ou químico (pasta química obtida, por exemplo, pelo processo kraft).
Pelas diferenças anatómicas, morfológicas, químicas e funcionais, as madeiras dividem-se em dois grupos botânicos principais:
O tipo de madeira é, assim, uma das variáveis de maior importância na qualidade do produto final e, em função das diferentes características da madeira de folhosas e resinosas, obtêm-se pasta e papel com diferentes propriedades. Consoante a aplicação pretendida, o fabrico de papel pode ser feito a partir de fibras de celulose de folhosas ou de resinosas, ou de uma mistura de ambas que permite combinar as qualidades de cada tipo de fibra.
Além da dimensão e das características das fibras, a produção de pasta para papel privilegia, como referido, madeiras com maior densidade, que são mais produtivas: permitem reduzir o consumo específico de madeira, ou seja, possibilitam obter mais pasta por unidade de volume de madeira.
Testemunhos
Os produtos de madeira têm um efeito multiplicador do carbono que é retido nas florestas e, tal como as próprias florestas e quem as faz crescer, precisam de ser reconhecidos como parte das soluções de base natural para enfrentar as alterações climáticas. Quem o diz é Mark Wishnie, diretor de Sustentabilidade do BTG Pactual, Grupo de Investimentos que gere mais de 1,3 milhões de hectares de plantações florestais no continente americano.
Pasta e Papel
Em julho de 1953, a Companhia Portuguesa de Celulose, em Cacia, iniciava os ensaios de produção. Este foi o primeiro passo num caminho inovador que constituiu o ponto de viragem de um sector até então incipiente e que ajudou a estabelecer Portugal como uma referência internacional na indústria da pasta e papel.
Pasta e Papel
Quando imprimimos uma folha ou lemos um livro raramente pensamos na complexidade que está por detrás de algo tão comum, como o papel. Contudo, a produção de papel é um processo industrial exigente e sofisticado, que combina engenharia e tecnologias de ponta, e envolve dezenas de profissionais com diferentes especializações. Etapa a etapa, eis o processo que transforma a madeira nas folhas de papel que usamos diariamente.