Floresta Portuguesa
É habitual aproveitar a chegada da primavera ou do outono para plantar árvores, arbustos e outros tipos de plantas. Contudo, as alterações no regime climático habitual das diferentes regiões de Portugal, principalmente em termos de subida da temperatura e inconstância da precipitação, podem dificultar a escolha da melhor época para plantar.
As plantas estão normalmente em repouso vegetativo no inverno, período de dormência no qual reduzem o seu metabolismo. Após um longo período de exposição ao frio, quando as temperaturas começam a aumentar, retomam gradualmente a sua atividade. Este despertar acontece no início da primavera, permitindo às plantas entrar numa nova etapa de crescimento. É já em plena primavera e início do verão que as plantas atingem o máximo da sua atividade: as raízes desenvolvem-se e fortalecem-se, começam a aparecer ramos e folhas, e depois flores e frutos. É nesta etapa que precisam de mais energia, incluindo maior quantidade de água e temperaturas mais altas.
A plantação deve preceder esta época de maior desenvolvimento, sendo o período entre o outono e o início da primavera o mais indicado, de modo a garantir a adaptação da planta ao local e um melhor desempenho na chegada do calor.
Ainda assim, dentro deste intervalo de tempo, a melhor época para plantar varia em função de vários fatores, incluindo o clima da zona em questão:
– Em zonas onde os invernos são mais suaves e os finais de primavera e verão são mais secos, a melhor época para plantar será o outono/inverno. Com humidade no solo, o repouso vegetativo pode não ser tão prolongado e as raízes desenvolvem-se mesmo neste período, permitindo às plantas maior probabilidade de aguentar a secura do verão.
– Nas zonas em que o inverno é mais rigoroso, com temperaturas mais baixas, neve e geada, é preferível plantar no final do inverno/início de primavera. Além do período de repouso vegetativo ser mais extenso nestas condições, o frio e o gelo podem causar danos diretos aos tecidos aéreos da planta (caules e folhas que começam a crescer). Em locais onde a precipitação na primavera é baixa, pode ser necessário garantir que as plantas tenham acesso a água.
A sobrevivência da planta determina o sucesso da plantação. Neste sentido, não basta conhecer a melhor época para plantar, pois há outros fatores que influenciam o sucesso da plantação, incluindo a escolha das espécies “certas” para cada local.
Nem todas as plantas se vão dar bem em todos os locais, pelo que é importante identificar as principais características do local, como o solo, clima e topografia, e o potencial do crescimento para a cultura pretendida. Muitas Câmaras Municipais têm Gabinetes Técnicos Florestais que podem ajudar a compreender quais as espécies melhor adaptadas.
A observação do que está plantado em redor pode também auxiliar, pois muitas vezes as espécies presentes são as que conseguiram melhor desempenho após anos de tentativa e erro. Nestes casos, é possível verificar igualmente a adaptação das plantas existentes às condições locais, pela sua forma (conformação), sanidade (estado de saúde) e taxa de crescimento.
Cada espécie tem o seu “envelope ecológico”, ou seja, as condições de solo, clima e topografia “ideais”, nas quais conseguem alcançar o seu crescimento máximo. Assim, as espécies vão ter capacidades de adaptação diferentes à exposição solar, ao vento, ao declive, ao tipo de solo, à disponibilidade de água, à possibilidade de alagamento, entre outros fatores.
Além da escolha da espécie e da melhor época para plantar, é preciso ter em conta outros aspetos igualmente importantes para o sucesso da plantação:
– Preparação do terreno
A plantação deve ser antecedida da preparação adequada do terreno, de acordo com as condições do local. Esta preparação difere consoante o tipo de solo, a topografia, a eventual compactação do solo, a disponibilidade de água, a presença de culturas anteriores e fertilidade, entre outras.
A intervenção pode passar, por exemplo, pelo corte de vegetação que possa competir com as novas plantas, pela mobilização do terreno para descompactar o solo e promover a sua permeabilidade, arejamento e o crescimento das raízes, e pela abertura de covas para as plantas.
– Densidade (e compasso) da plantação
É importante determinar qual a densidade de plantação (número de árvores por hectare) e também ela pode variar consoante a espécie e as características do local (solo, clima, entre outras). A decisão sobre o número de arbustos ou árvores a plantar num dado espaço vai determinar a distância entre elas (compasso) e influenciar o respetivo desenvolvimento. Quanto mais árvores num mesmo espaço, maior será o esforço que cada uma terá de fazer para conseguir os nutrientes de que necessita, uma competição que pode limitar o desenvolvimento (menores dimensões de tronco e copa), a produtividade (frutos e madeira) e causar maior mortalidade.
Por exemplo, o Centro Pinus indica que, na instalação de um povoamento de pinheiro-bravo, um hectare de terreno deve receber entre 1250 e 1670 plantas, consoante se trate de terrenos com solos mais pobres ou solos de melhor qualidade. Já a associação Biond indica que, para a rearborização de um eucaliptal, um hectare de terreno deve receber entre 1000 e 1400 árvores, consoante se trate de zonas com menos precipitação ou de zonas mais chuvosas.
– Boas práticas de gestão
Após a plantação, é necessário aplicar as melhores práticas para favorecer o desenvolvimento da árvore ou arbusto, incluindo, entre outras, a adubação, o controlo de vegetação espontânea, a poda e a monitorização de pragas e doenças.
Espécies Florestais
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