Porque chegámos ao século XXI com um modelo florestal obsoleto? Porque subsistem falhas de mercado e administrativas – na legislação florestal e não só – que precisam de solução para concretizarmos o potencial florestal do país?
O planeamento e gestão territorial em Portugal tem-se focado, historicamente, em apenas 2% do território – o urbano. Com 98% do território esquecido, qualquer tentativa de uma regulação eficiente torna-se num absurdo. Em paralelo, é essencial e urgente conhecermos quem são os proprietários rurais. Podíamos ter a melhor política florestal do mundo, mas sem conhecer os proprietários, não a conseguiríamos aplicar.
Estas são questões com grande peso que urge resolver e, a par, temos de pensar qual é o modelo de desenvolvimento florestal que queremos para Portugal.
Precisamos de um modelo de sustentabilidade, que faça coexistir a rentabilidade económica e os valores ambientais. “Advogo um princípio de total concertação de interesses”, refere Carlos Lobo, que sublinha: a chave do sucesso “é a articulação das duas vertentes, no sentido de criarmos modelos virtuosos de crescimento sustentável”.
Se queremos desenvolver o potencial florestal nacional, “temos de extrair o máximo de rendimento da nossa área florestal, desenvolvendo sem complexos uma atividade produtiva (…) e de promover os valores da biodiversidade e de toda a vertente ecológica subjacente à economia ambiental. Isto não é contraditório. Pelo contrário, é articulável e essencial”.