Portugal não atingirá a neutralidade climática sem o contributo do sector florestal. Esta é uma oportunidade ímpar para melhorar, ampliar e valorizar a floresta em Portugal, mas para que esta transformação se concretize há inúmeros desafios a ultrapassar.
Reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e neutralizar, por compensação, as emissões residuais que não se conseguem reduzir por falta de soluções. Estes são os caminhos traçados para alcançar as metas europeias de redução líquida de emissões de gases com efeito de estufa em 55% até 2030 (face a 1990) e de neutralidade climática (balanço zero entre emissões e remoções) até 2050.
Apesar dos esforços efetuados, as emissões continuam a apresentar uma tendência de crescimento que, a manter-se, significará chegar a 2030 com quase o dobro das emissões que deveríamos ter. Da mesma forma, a temperatura media global já aumentou 1,2ºC face à época pré-industrial e, se este ritmo prosseguir, poderemos chegar ao final do século com 2,4ºC, muito acima do 1,5ºC definido como limite no Acordo de Paris.
Avançar nesta transição para a neutralidade climática implica uma transformação socioeconómica sistémica, baseada no melhor conhecimento científico disponível e na capacidade de adotarmos modelos de bioeconomia e economia circular, substituindo recursos e materiais de base fóssil por equivalentes de base biológica.
A neutralidade climática não será alcançada sem o contributo do sector florestal e, sendo uma transição estrutural, implica o envolvimento e investimento dos sectores público e privado.