As Nações Unidas defendem que, até 2025, a educação climática deveria fazer parte do ensino em todas as escolas. Contudo, um estudo da UNESCO – “Learn for our planet: a global review of how environmental issues are integrated in education” (2021) – analisou as políticas e os currículos educativos de 46 países e concluiu que mais de metade não faz qualquer referência às alterações climáticas, sendo que apenas 19% mencionam a biodiversidade.
É inquestionável o papel fundamental da educação formal na promoção da ação climática e na mudança de comportamento a larga escala, bem como a necessidade premente de que esta transformação ocorra nas escolas.
No entanto, as oportunidades educativas não se encerram na escola e as instituições de educação não formal e informal, como os museus e centros de ciência, instituições culturais, associações ambientais, grupos desportivos, podem – e devem – constituir-se como espaços para uma aprendizagem ao longo da vida e transformadora, para enfrentar a crise climática e o bem-estar dos cidadãos.
Na realidade, a importância desta abordagem holística para a sustentabilidade, que liga ofertas não formais e informais a experiências educativas fundamentais, foi reconhecida pela adoção da Recomendação do Conselho Europeu sobre aprendizagem em prol da transição ecológica e do desenvolvimento sustentável, que apela a tornar estas aprendizagens numa prioridade nas políticas e nos programas de educação e formação.
Nesse sentido, e com vista a informar o processo de decisão política e as orientações neste domínio, o relatório “Harnessing the potential of non-formal education for sustainability” (2024) analisou a situação atual da educação não formal no contexto da aprendizagem para a sustentabilidade. Entre algumas das práticas e fatores identificados que podem catalisar o potencial transformador da educação não formal para a sustentabilidade, destacam-se:
- As experiências enraizadas no ambiente local, que ajudam, muitas vezes, a contextualizar questões globais e a compreensão científica associada às alterações climáticas e à biodiversidade;
- Uma visão mais sistémica da sustentabilidade, que reconhece como as questões ambientais transcendem as fronteiras tradicionais das disciplinas;
- Práticas interativas que apoiam pedagogias participativas como a aprendizagem baseada no local, a aprendizagem baseada na investigação, a escola aberta, a ciência cidadã e conceitos como a competência para a ação, a aprendizagem social e a ecojustiça;
- E a utilização crescente de tecnologias digitais para melhorar o acesso e os resultados educativos, bem como permitir a visualização de possíveis cenários em relação a preocupações de sustentabilidade.
É ainda importante relevar o potencial da educação não formal para a melhoria da inovação e o reforço da competitividade, ao permitir uma atualização mais rápida, ágil, conectada e adequada dos conhecimentos e práticas ligados à sustentabilidade, fundamental para criar as mentalidades criativas e inovadoras, necessárias para enfrentar o ritmo e a escala das crises climática e ambiental.
No entanto, apesar do papel significativo desempenhado por estas oportunidades, existem ainda poucos dados e evidências que definam claramente os contributos únicos ou o impacte do sector da educação não formal na concretização da transição ecológica.