É preciso diversificar a composição da floresta e estimular a produção florestal, mas também investir na abertura da paisagem, criando áreas com menos vegetação. A compartimentação do território e a criação de faixas de proteção, que salvaguardem habitações e núcleos sociais, podem funcionar como barreiras em caso de incêndio, garantindo também o acesso dos sapadores a toda a freguesia, mesmo às zonas mais remotas.
Neste sentido, determinaram-se quatro medidas essenciais:
– Manter a produção florestal como a principal fonte de rendimento, mas diversificar as fontes de receita.
Alvares tem condições favoráveis para a produção florestal. Além do pinheiro, do eucalipto e dos carvalhos, encontram-se outras espécies pertencentes à vegetação natural da região, como o medronheiro, o castanheiro e o vidoeiro/bétula. Existem também excelentes condições naturais para melhorar ou instalar novas pastagens, garantindo assim boas condições para o gado doméstico e para a fauna bravia. A diversificação das espécies permite diferentes usos e a possibilidade de considerar outras fontes de receitas como o turismo, a caça ou a pesca.
– Abrir a paisagem para assegurar espaços livres.
O projeto aconselha que 30% do território não tenha povoamentos florestais, criando espaços abertos à volta das povoações como medida de defesa de pessoas e património e de compartimentação da paisagem. Recomenda-se a criação de uma rede primária de áreas abertas nas cumeadas da freguesia, a qual deve ser mantida regularmente para assegurar que a biomassa não se acumula. Os proprietários impedidos de plantar nestas áreas – ou seja, os que cedem parte dos seus terrenos para criação da rede primária – deverão ser compensados da sua perda produtiva.
Estas medidas ajudam a reduzir a propagação das chamas e a assegurar o acesso dos sapadores em caso de incêndio.
– Diversificar a composição da floresta, de modo a que nenhuma espécie florestal represente mais de 70% da área total arborizada da freguesia.
A escolha das espécies mais interessantes para a floresta de Alvares deverá estar associada a projetos de arborização definidos com base em dados relativos ao solo (pedologia), relevo e clima, assim como a dados silvícolas e a objetivos de gestão. Para referência, o Dossier Técnico do Projeto apresenta uma tabela com um grupo de espécies a considerar. Na lista constam espécies protegidas como o azevinho (Ilex aquifolium), a azinheira (Quercus rotundifolia) e o sobreiro (Quercus suber); espécies a privilegiar, como o medronheiro (Arbustus unedo), o castanheiro (Castanea sativa), o carvalho-alvarinho (Quercus robur), o cipreste-do-buçaco (Cupressus lusitanica) ou a cerejeira-brava (Prunus avium) entre outras, nativas e exóticas (como por exemplo plátanos, ciprestes, eucaliptos, pseudotsugas e abetos).
– Aplicar modelos de silvicultura e de organização do espaço adaptados às condicionantes das áreas mais sensíveis do ponto de vista ecológico ou paisagístico.
Em Alvares existem áreas de proteção de habitats e espécies sujeitas a regimes especiais de gestão, como o sítio Serra da Lousã na Rede Natura 2000. Nestas áreas, além das margens das linhas de água, há necessidade de medidas de salvaguarda das funções de conservação e proteção da floresta.
Considerados estes requisitos, o restante território da freguesia tem condições para a produção florestal – essencialmente produção de madeira –, de acordo com técnicas silvícolas adequadas à conservação do solo e da água (em especial nos terrenos de maior declive), à preservação das linhas de água e à diversificação de habitats.