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Turismo e Lazer

6 casas na árvore para acordar sob um teto de ramos e folhas

Acordar sob um teto de ramos e folhas, iluminado pelos primeiros raios de sol. Este é o cenário ideal para descansar na natureza. Do Minho ao Algarve, tome nota de algumas sugestões de casas na árvore, para dormir no meio da floresta e partir à descoberta do nosso património natural.

Em florestas, quintas ou áreas protegidas, acordar por entre as copas das árvores é cada vez mais fácil. As casas na árvore já não são apenas sonhos de infância e, de norte a sul, há várias propostas para desconfinar, sintonizar-se com a natureza e relaxar.

Para desfrutar deste cenário, descubra vários destes “locais mágicos” e deixe-se encantar pelo património natural que os envolve. E, lembre-se, segundo alguns estudos, “uma dose regular de floresta” pode fazer milagres pela saúde e pela redução do stress.

Já sabe por onde começar? Para ajudar deixamos a sugestão de seis casas na árvore, no meio da natureza e longe da multidão: a casa do velho carvalho da Quinta de Pentieiros, em Ponte de Lima; as casas futuristas do Pedras Salgadas Spa & Nature Park, em Vila Pouca de Aguiar; os ninhos do Bukubaki Eco Surf Resort, em Peniche; as casas nas Encostas do Côa, em Pinhel; a casa rodeada por sobreiros e oliveiras no Monte da Cascalheira, em Porto Côvo; e a casa da alfarrobeira do Conversas de Alpendre, em Vila Real de Santo António.

Antes de seguir viagem, confirme se os locais estão abertos, dadas as restrições que têm vindo a ser impostas em contexto de pandemia.

1. A casa do velho carvalho na Quinta de Pentieiros, Ponte de Lima

Quinta de Pentieiros

Imagem © Quinta de Pentieiros

Dormir envolto em floresta é possível na Quinta de Pentieiros, uma exploração agro-silvo-pastoril que apoia a Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e São Pedro de Arcos, em Ponte de Lima.

Neste espaço, é possível pernoitar em bungalows revestidos com antigas traves de linha férrea, junto às pastagens ou aos prados da quinta ou dormir nas alturas, na casa da árvore, o que promete uma experiência única de tranquilidade e comunhão com a natureza. Construída à volta do tronco e ramos de um grande e antigo carvalho, a casa na árvore abriga só duas pessoas (T0), pelo que uma família ou grupo maior poderá equacionar um dos bungalows, alguns para quatro pessoas.

Esta quinta é um excelente ponto de partida para descobrir um local que conjuga, como poucos, a conservação da natureza e da biodiversidade com a oferta educativa e de turismo rural: a Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos. Aqui, zonas verdes, água e vida são inseparáveis.

As Lagoas, além de classificadas como Paisagem Protegida e integradas na Rede Natura, são também um dos 31 Sítios portugueses classificados no âmbito da Convenção Ramsar (Zonas Húmidas de Importância Internacional), razão que levou, em 1996, à sua integração em área de Reserva Ecológica Nacional. O seu interesse deve-se sobretudo à diversidade desta zona húmida continental, na qual se identificam vários habitats e espécies de conservação prioritária.

Foram já contabilizadas mais de 200 espécies de mamíferos, aves e outros vertebrados, bem como 508 espécies vegetais, que podem ser descobertas em várias rotas e percursos, que permitem ainda desfrutar das muitas tonalidades de verde em redor. A visita pode ser apoiada pelo Centro de Interpretação Ambiental que concentra várias estruturas de apoio, como o Centro de Informação do Lima.

Do carvalho-alvarinho (Quercus robur L.) ao azevinho (Ilex aquifolium), passando pelas espécies mais frequentes perto das linhas de água como o amieiro (Alnus glutinosa), o vidoeiro (Betula celtiberica), o salgueiro (Salix atrocinerea) ou o freixo (Fraxinus angustifolia), há muito para aprender sobre esta importante área, que é, simultaneamente, refúgio, habitat e zona de alimentação para uma grande diversidade de espécies.

2. As casas futuristas do Pedras Salgadas Spa & Nature Park, Vila Pouca de Aguiar

Pedras Salgadas Spa & Nature Park

Imagem © Pedras Salgadas Spa & Nature Park

A 580 metros de altitude, há um refúgio que alia originalidade e tradição em pleno Parque de Pedras Salgadas, no concelho de Vila Pouca de Aguiar. As casas na árvore, de estilo moderno, são um dos ex-libris do Pedras Salgadas Spa & Nature Park, um dos mais inovadores projetos turísticos do norte de Portugal, cuja originalidade já lhe valeu prémios internacionais de arquitetura.

As casas na árvore são revestidas por ardósia e madeira, matérias-primas locais que contribuem para a sua integração na paisagem e lhes confere uma certa “invisibilidade”, dando maior protagonismo ao parque centenário onde se encontram. Estas casas podem alojar até duas pessoas, mas existem também 16 casas ecológicas para grupos ou famílias maiores – com capacidade para até seis pessoas -, desenhadas para garantir total conforto num cenário de natureza e tranquilidade.

A pouco mais de uma hora de distância de carro da cidade do Porto, a localização faz adivinhar um cenário onde predomina a frescura da floresta e das águas das fontes termais. Há muito utilizadas pelos locais para alívio de diversas maleitas, as águas de Pedras Salgadas ganharam no século XIX um prestígio que ultrapassou fronteiras. O primeiro grande reconhecimento chegou em 1879, com a abertura ao público do Balneário Termas das Pedras Salgadas, infraestrutura “renascida” em 2009 pelas mãos do arquiteto Siza Vieira.

Escolhido, no passado, por vários monarcas – D. Fernando II, D. Maria Pia e D. Carlos I – como destino de evasão e saúde, este parque centenário mantém nos seus 20 hectares todas as condições para uma “escapadinha” digna da realeza.

No interior do parque existem oito quilómetros de caminhos que levam à descoberta da beleza natural do parque, um convite para apreciar o valioso património arbóreo, de onde constam exemplares de espécies como a sequóia (Sequoia sempervirens), o abeto-de-Douglas (Pseudotsuga menziesii), o cedro-do-Atlas (Cedrus atlantica) e algumas mais raras, como a Cunninghamia lanceolata, originária da longínqua China.

Fora do parque, existem outras opções para conhecer o diversificado património natural de Vila Pouca de Aguiar. Por exemplo, a Rede Aguiar Nature, que representa uma infraestrutura de interpretação de espaços naturais classificados no âmbito da Rede Natura 2000, conta com seis percursos de temática ambiental, em área natural classificada, todos eles circulares. Aventure-se pelo “trilho Interpretativo dos Ecossistemas Ribeirinhos”, com uma extensão de 8,3 quilómetros, e passe pela antiga linha do comboio do vale do Corgo, a Ermida de São Gonçalo, bosques de carvalho e cerejeiras e algumas ribeiras de montanha.

3. Os ninhos do Bukubaki, Peniche

Bukubaki

Imagem © Bukubaki Eco Surf Resort

Por entre o cheiro a floresta e mar, há casas de madeira suspensas a lembrar ninhos de pássaros, no Bukubabki Eco Surf Resort. Neste refúgio no meio da natureza, no concelho de Peniche, a cinco quilómetros da praia do Baleal, há muito para explorar.

Num cenário emoldurado pelo verde de pinheiros-bravos (Pinus pinaster) e eucaliptos (Eucalyptus spp.), há sete casas na árvore que podem acolher entre quatro a seis pessoas, e tendas canadianas para complementar a experiência de surf, de relaxamento ou, simplesmente, de aventura.

Este resort, que nasceu para promover o equilíbrio entre Homem e Natureza, pode ser o local ideal para banhos de mar e de floresta ou para conhecer alguns dos tesouros mais bem guardados do litoral centro do país.

Das praias ao longo de toda a costa a muitas outras paisagens de cortar a respiração, são vários os locais com interesse para a conservação, como a Reserva Natural das Berlengas, integrada na Rede Natura 2000 e Zona de Proteção Especial para Aves Selvagens.

Constituída pelo arquipélago das Berlengas – ilha da Berlenga e recifes circundantes, Ilhéus das Estelas, Farilhões e Forcadas – e uma vasta área marinha adjacente, esta zona de características únicas conquistou o reconhecimento internacional como Reserva da Biosfera da UNESCO, em 2011. É também um local desejado por muitos turistas, especialmente a Berlenga Grande, a única a receber visitas.

Pelas características do solo e clima, não existe floresta, mas há uma centena de espécies herbáceas e arbustivas, das quais se destacam a Armeria berlengensis, a Herniaria berlengiana e Pulicaria microcephala, três plantas que só existem nas Berlengas (endemismos locais) e que são consideradas “Em Perigo” por terem áreas e populações reduzidas.

Não se esqueça de preparar este passeio com a devida antecedência, porque as visitas são limitadas, tendo em conta a sensibilidade das espécies e dos diferentes habitats naturais, bem como as condicionantes de segurança e os respetivos serviços de apoio.

4. Dormir nas alturas, nas Encostas do Côa, Pinhel (Guarda)

Encostas do Côa

Imagem © Rui Vaz Franco | LoveIsMyfavouriteColor

Uma vista deslumbrante sobre as encostas do rio Côa é o que oferece a casa na árvore das Encostas do Côa, mesmo às portas de Pinhel, a cidade “falcão” no distrito da Guarda. Tem todas as comodidades para dois hóspedes, que passam a acordar com o canto dos pássaros logo ao nascer do sol. Se vai com a família ou amigos, existem outras opções de alojamento, como um dos 14 quartos, os bungalows ou o parque de caravanismo deste turismo rural.

Este é um bom local de partida para descobrir a primeira área protegida privada do país: a Área Protegida Privada Faia Brava. São mais de 800 hectares reservados para a conservação da natureza, com ações focadas no restauro ecológico, através da valorização de habitats, do aumento da disponibilidade alimentar para as espécies mais ameaçadas e da gestão florestal.

Localizada no vale do Côa, nos concelhos de Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo, integra uma Zona de Intervenção Florestal (ZIF) na qual a Associação Transumância e Natureza e 30 outros proprietários florestais se comprometeram a desenvolver um projeto conjunto de gestão sustentável do sobreiro (Quercus suber). A pé ou em veículo todo-o-terreno, a associação disponibiliza diversas visitas para apreciar as escarpas do Rio Côa, a maior mancha de sobreiro da região, o voo das grandes rapinas ou as manadas de cavalos Garranos.

Próximo da estrada que liga as cidades da Guarda e de Pinhel, pode ainda conhecer o castanheiro gigante de Guilhafonso, considerado por alguns como o maior da Europa e que já foi candidato ao concurso de Árvore do Ano. Com cerca de 500 anos, tem 19 metros de altura e, garantem os habitantes locais, seriam necessárias nove pessoas para abraçar o seu tronco.

5. A casa rodeada por sobreiros e oliveiras, Porto Côvo

Porto Côvo

Imagem © Monte da Cascalheira

Em território Alentejano, a casa na árvore do Monte da Cascalheira só podia estar rodeada por sobreiros e oliveiras. Inserida na zona rural da Cabeça da Cabra, uma pequena localidade a quatro quilómetros de Porto Côvo e de algumas das mais tranquilas praias do litoral alentejano, a casa de madeira suspensa e o seu terraço têm ampla vista sobre a planície e o mar. Além desta casa na árvore ideal para duas pessoas (T0), existem três casas tradicionais alentejanas, de diferentes tipologias, e uma tenda tipi, montada na primavera.

Este é um espaço tranquilo para partir à descoberta do Parque Natural da Costa Vicentina, que se estende ao longo de mais de 100 quilómetros, desde Porto Côvo, no Alentejo, até Burgau, no Algarve.

Aqui a vegetação distingue-se pela predominância de elementos mediterrânicos, mas também atlânticos e do norte de África. Com cerca de 750 espécies de plantas, mais de 100 só ali existem e algumas estão ameaçadas ou em perigo, como, por exemplo, a Biscutella sempervirens subsp. vicentina ou o Plantago almogravensis.

Se esta for a sua região eleita, aproveite para planear uma visita à ilha do Pessegueiro, que se pode avistar a cerca de 250 metros ao largo de Porto Côvo. Durante o verão, diversos barcos atravessam o canal que foi usado como porto de abrigo pelos romanos e cartagineses e que, atualmente, oferece excelentes condições para a prática de diversos desportos náuticos.

6. A casa da alfarrobeira do Conversas de Alpendre, Vila Real de Santo António

Conversas de Alpendre

Imagem © Ricardo Chaves

Fica num retiro turístico “escondido” no Sotavento Algarvio e mais precisamente no topo de uma alfarrobeira. Construída inteiramente em madeira e à mão, a 6,5 metros de altura, a casa na árvore do Conversas de Alpendre é um alojamento especial neste turismo rural de Vila Nova de Cacela, em Vila Real de Santo António. Com o oceano como pano de fundo, existem no total 11 espaços de alojamento desenhados entre a rusticidade e a sofisticação, que convidam a desligar-se de tudo exceto da natureza.

Se é certo que o alojamento fica a apenas dois quilómetros de algumas das mais conhecidas praias nacionais, as riquezas naturais do município valem só por si uma visita. Por isso, parta à descoberta do Parque Natural da Ria Formosa, zona húmida de importância internacional e um verdadeiro santuário da vida selvagem no Algarve, que se estende ao longo de 60 quilómetros do litoral algarvio, desde a península do Ancão até à praia da Manta Rota. Na transição entre o mar e a terra, a Ria Formosa é a mais importante zona húmida do sul de Portugal e inclui uma grande variedade de habitats, como sapais, bancos de areia, lagoas de água doce e salobra, matas e áreas agrícolas, responsáveis por uma grande diversidade de fauna e de flora.

A pé, de bicicleta ou de barco, sugestões não faltam e pode escolher a mais adequada consoante a época do ano: na primavera, por exemplo, pode percorrer o trilho da Quinta do Ludo e observar a grande diversidade de aves; e no verão, pode apanhar o barco em Faro até à Ilha da Barreta, onde se inicia o percurso da Ria e, mais tarde, refrescar-se na praia.

Numas férias mais prolongadas, agarre nos binóculos e na máquina fotográfica e aprecie a diversidade de aves na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, outra zona húmida de importância internacional.

Esta área protegida – a primeira reserva natural criada em Portugal, em 1975 – localiza-se no sudeste algarvio, junto à foz do Rio Guadiana, onde as águas se espraiam através de uma extensa zona de sapal que, ao longo dos séculos, suportou salinas e pastagens. Para a conhecer melhor, percorra os seus caminhos na primavera, descobrindo as várias espécies aromáticas e medicinais.

Imagem de topo © Bukubaki Eco Surf Resort