O conceito de baldios ou terrenos comunitários pode parecer estranho a quem vive nas cidades, mas não o era para muitos habitantes das comunidades rurais que, há gerações, chamaram seus aos montes e serras a perder de vista e partilharam com vizinhos e familiares estas terras “que são de todos e não são de ninguém”.
Apesar de o termo “baldios” estar associado a terrenos incultos, sem cultivo nem plantações, onde a natureza cresce de forma desordenada, esse não é o sentido histórico do termo, nem a sua definição legal.
Historicamente, estas áreas eram usadas para pastorear o gado, recolher os matos e carumas que lhes serviam de cama e depois para fertilizar as terras de cultivo. Foram as iniciativas de privatização e arborização dos baldios, iniciadas no século XIX, para aumentar a área agrícola e florestal que descreveram estas áreas como incultos, quando “o baldio era, de facto, o suporte do sistema agrário”. Mas foi foi o conceito de “bem comum” aquele que acompanhou o termo ao longo de séculos de dinâmica rural em Portugal e em vários outros países.