Quanto vale um solo fértil, a polinização que apoia a produção de alimentos, as florestas que sequestram carbono, as bacias hidrográficas que purificam a água ou a diversidade genética da qual dependem centenas de medicamentos e a agricultura moderna? Para os sistemas político-económicos que olharam para a natureza como fonte contínua e inesgotável de recursos à sua disposição e ao serviço do crescimento económico, este capital natural foi invisível e, por isso, não lhe foi atribuído valor geracional.
Esta visão prevaleceu na economia, com a exploração dos recursos naturais a sustentar o desenvolvimento das sociedades – sem olhar à sua preservação ou reposição – e a ameaçar a prosperidade e bem-estar de gerações atuais e futuras.
Acresce que, da mesma forma que o capital natural não foi protegido, reposto ou valorizado, também não foi considerado o valor dos ativos naturais que se perderam (por exemplo, das espécies que se extinguiram ou da desflorestação de áreas naturais), nem foram contabilizados os custos que a sua perda implicará no longo prazo.
Reconhecer o valor da natureza como um capital que sustenta todos os demais – humano, social, financeiro e produtivo – foi um forte argumento para uma nova visão sobre os sistemas naturais. Desta perspetiva, que se encontra bem resumida na teoria dos cinco capitais, sublinhou-se a necessidade de os gerir de forma sustentável, para se evitarem disfuncionalidades ou extinções e para se perpetuarem os ganhos que deles advêm.
Dada a sua complexidade intrínseca, o capital natural manteve-se difícil de medir ou contabilizar. Uma das razões principais está no facto de a grande maioria dos mercados económicos e financeiros não reconhecer o valor do capital natural, a menos que dele se produza um fluxo monetário ou um conjunto de ativos passíveis de mensuração pelos sistemas económicos convencionais. Em resultado, o valor total e os custos da utilização ou destruição de sistemas naturais continuam a ser mal compreendidos.