Os ecossistemas ribeirinhos têm um papel importante na mitigação dos efeitos das alterações climáticas. Sendo zonas com vegetação diversificada, com taxas de desenvolvimento favorecidas pelo acesso à água, as florestas ribeirinhas têm uma capacidade relevante de fixar carbono. No entanto, a sua complexidade tem dificultado a quantificação dos valores de carbono, que é essencial para a sua valorização.
Compreender qual a dimensão deste reservatório foi um dos objetivos que levou uma equipa de investigadores do CEF – Centro de Estudos Florestais, Universidade de Lisboa, a desenvolver um estudo de quantificação do stock de carbono da parte área (ou seja, a que se encontra acima do solo, não considerando as raízes) de três espécies arbóreas de uma floresta ribeirinha portuguesa. O trabalho foi realizado ao longo de três quilómetros da Ribeira do Alcolobre – um afluente do Rio Tejo – e considerou as espécies de árvores mais abundantes na zona: amieiro (Alnus glutinosa (L.) Gaertner), acácia mimosa (Acacia dealbata) e salgueiro (Salix salviifolia Brot.).
Pela conjugação de dados recolhidos no terreno (como a dimensão e o tipo de árvore), com a informação recolhida através de um drone (usando técnicas de deteção remota aplicadas a imagens multiespectrais), foi possível compreender que:
– Cada hectare de floresta ribeirinha analisada retinha cerca de 120 a 200 toneladas de carbono.
Estes valores são semelhantes aos obtidos em Portugal noutros ecossistemas florestais. Por exemplo, são armazenadas cerca de 200 toneladas de carbono por cada hectare de floresta de eucalipto (Eucalyptus globulus Labill), 150 toneladas de carbono por cada hectare de pinheiro manso (Pinus pinea) e 33 toneladas por hectare em montado de sobreiro (Quercus suber L.).
– O maior contributo para o armazenamento de carbono nas florestas ribeirinhas mediterrânicas reside no tronco e ramos das árvores.
Tronco e ramos, ou seja, biomassa lenhosa, armazenavam 79% do carbono. A restante vegetação – ervas, arbustos, folhas caídas e parcialmente decompostas (folhada) – retinha 12% e o solo 9%.
Os dados ilustram como os stocks de carbono diferem entre o solo, a folhada e a biomassa aérea, que inclui os troncos e ramos das árvores, assim como a vegetação sob coberto (ervas e arbustos).
– As zonas de acácias davam o maior contributo para armazenar carbono, seguidas pelas áreas de amieiros e salgueiros.
As diferenças encontradas entre estas espécies estão relacionadas com a sua capacidade de crescimento e de acumulação de biomassa no tronco e ramos. Em termos de carbono armazenado por hectare, as parcelas dominadas por acácia mimosa (Acacia dealbata), contribuíram com cerca de 250 toneladas, as parcelas de amieiro (Alnus glutinosa (L.) Gaertner) com cerca de 160 toneladas e as áreas de salgueiro (Salix salviifolia Brot.) com 73 toneladas.