A seca é um fenómeno natural que tem, por vezes, consequências catastróficas. Em Portugal e em toda a região do Mediterrâneo, onde existe uma estação seca bem demarcada, a redução dos níveis de águas subterrâneas (aquíferos) tem constituído motivo de preocupação, dado o seu impacte nos ecossistemas terrestres, incluindo agrícolas, agroflorestais e florestais.
A recarga artificial de aquíferos foi já recomendada em Portugal, no final de 2022, numa Resolução da Assembleia da República que aconselha o Governo a incentivá-la para reforçar a eficiência hídrica do nosso território. Trata-se de uma recomendação inédita, que constitui um marco histórico na aplicação de soluções de Gestão de Recarga de Aquíferos (em inglês Managed Aquifer Recharge – MAR) e não apenas em Portugal.
O princípio em que assenta a Gestão de Recarga de Aquíferos é simples de compreender: baseia-se no armazenamento de água em sistemas aquíferos durante os períodos húmidos – em que existem excedente hídricos (excesso de água disponível) – para posterior recuperação desta água recarregada, através de captações subterrâneas, durante os períodos de seca, quando a água for mais necessária. Ou seja, canalizar o excesso de água em períodos de abundância para reservas subterrâneas que podem ser depois usadas em caso de necessidade.