Na década de 50, o castanheiro ocupava um papel importante na economia familiar da Beira Interior, em particular no distrito da Guarda. O número de soutos nesta região colocava-a em segundo lugar em termos de produção de castanha (alguns anos com valores de três mil toneladas de castanha) a nível nacional, a seguir ao distrito de Bragança. Um dos livros que melhor retrata esta história é “O Castanheiro e a Castanha na Tradição e na Cultura”, da autoria de Mário Cameira Serra.
Contudo, ao longo das décadas, a doença da tinta e o cancro dos castanheiros, assim como os incêndios e raios foram secando inúmeras árvores. Também a madeira do castanheiro conduziu ao abate de vários soutos – o Castanheiro de Guilhafonso terá sido vendido para abate no início da década de 70, mas tal acabou por não acontecer devido ao descontentamento geral dos habitantes locais.
Não seria esta a última vez que a sobrevivência desta portentosa árvore estaria em perigo. Em 2009, o Castanheiro de Guilhafonso estava em risco de ser desclassificado pela Autoridade Florestal Nacional (AFN), por apresentar uma elevada probabilidade de secar.
Mais uma vez, a população mobilizou-se na defesa desta árvore histórica e, poucos anos depois, a Câmara da Guarda – atual proprietária do castanheiro e da área envolvente – encomendou um estudo à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que apoiou a sua recuperação. Através do tratamento fitossanitário e da poda, o Castanheiro de Guilhafonso ganhou, nos anos seguintes, uma nova vida e voltou a produzir castanha em maior quantidade. No entanto, ainda longe dos números históricos de 1987: meia tonelada de castanha de variedade Rebordã.
A sua perseverança fez com que tenha sido submetida como concorrente à fase nacional do concurso Árvore do Ano 2021 promovido pela UNAC – União da Floresta Mediterrânica.